A região está a dar passos muito significativos no caminho da valorização dos Vinhos Verdes, registando-se um aumento das exportações e da produção nas categorias com preço tradicionalmente superior.
O panorama positivo do setor foi traçado pela presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), na cerimónia de entrega dos prémios do concurso “Os Melhores Verdes 2023”, que decorreu sexta-feira à noite, na Alfândega do Porto, com a presença da ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, e da vereadora do Turismo e da Internacionalização da Câmara do Porto, Catarina Santos Cunha, entre diversas personalidades ilustres.
Em noite de festa, Dora Simões adiantou que a vindima de 2022 foi de «qualidade excecional», tendo-se registado um aumento de produção, com a campanha vitivinícola a fixar-se em 96 milhões de litros de Denominação de Origem Controlada (DOC) Vinho Verde e de quase 3 milhões de litros de Vinho Regional Minho.
«É ainda de assinalar o aumento de venda de selos de garantia nas categorias de vinhos com preço tradicionalmente superior, que se identifica através das gamas de monovarietais e bivarietais», afirmou, especificando que «a casta Alvarinho aumentou em 50% face a 2021 e o Alvarinho/Loureiro e Alvarinho/Trajadura em 11% e 15%, respetivamente». «Este é um sinal muito positivo relativamente ao progresso pretendido na valorização dos vinhos da Região, que se espera que continue nos próximos anos», declarou.
Esta responsável acrescentou que, nas exportações, o primeiro trimestre do ano «confirma a tendência de crescimento», após 2022 ter «fechado nos 82 milhões de euros, com os Vinhos Verdes a chegarem a mais de cem países». «Este progresso é acompanhado de um aumento do preço médio por litro na ordem dos 8%, o que é, sem dúvida, um sinal positivo, mas que em parte também resultará da necessária atualização das tabelas de preços das empresas exportadoras, motivada pelo aumento geral de custos em toda a cadeia de valor», disse.
Olhando para o futuro, salientou que é «imprescindível» apostar na investigação e desenvolvimento (I&D) e na experimentação, que leve «a conhecimento prático que possa servir de alicerce à valorização das castas autóctones e sua utilização como fator de diferenciação da região dos Vinhos Verdes e do seus muitos terroirs».
Assim, a Comissão dos Vinhos Verdes vai lançar uma agenda de I&D, na qual estará incluída a Estação Vitivinícola Amândio Galhano, em Arcos de Valdevez, como centro de experimentação, em parceria com diversos organismos da academia.
Paralelamente, foi criado um Departamento de Sustentabilidade, que conta com um gestor especialista, para «trabalhar com os viticultores e produtores no sentido de apurar as necessidades em toda a cadeia de valor do vinho e criar ferramentas eficazes e adequadas à região para a implementação de boas práticas neste âmbito».
A dirigente referiu que a CVRVV está a lançar a nova certificação das Rotas dos Vinhos, em conjunto com o Turismo do Porto e Norte de Portugal, agregando outras três regiões vitivinícolas da região Norte – Douro, Trás-os-Montes e Távora-Varosa. «Iremos continuar a trabalhar com as adegas para uma oferta mais profissionalizada e apelativa para quem visita a Rota dos Vinhos Verdes», assegurou.
Quinta D’Amares Alvarinho 2022 eleito o melhor Vinho Verde
© CRVV
O vinho Quinta D’Amares Alvarinho 2022 arrecadou a Grande Medalha de Ouro do concurso “Os Melhores Verdes 2023”, que premiou 88 vinhos da Região dos Vinhos Verdes, em 14 categorias.
No final da cerimónia de entrega dos prémios, que decorreu sexta-feira à noite, na Alfândega do Porto, o enólogo da Quinta D’Amares considerou que esta distinção é resultado de um trabalho que tem vindo a ser feito, desde 1991, de estudo das vinhas, castas e solos. «Temos tentado exprimir o potencial máximo que esta casta tem», afirmou Diogo Schartt ao Diário do Minho.
«Sendo um vinho de 2022, nesta fase, é ainda bastante jovem, fresco, com algum cítrico, tropical, mas também é um vinho para conseguir evoluir bem», acrescentou.
A Quinta D’Amares tem um total de 55 hectares de vinha, sendo 85% loureiro e 15% alvarinho, arinto, espadeiro e vinhão. «A produção tem-se mantido constante nos últimos anos, sendo a nossa aposta no aumento da qualidade», revelou, lembrando que os vinhos com estágio em madeira são comercializados na gama Vinesa.
O concurso dos melhores Vinhos Verdes contou com um aumento de 35% nas inscrições face ao ano anterior, tendo esta edição registado um recorde, com 294 amostras em prova cega, destacando-se a tendência crescente das colheitas antigas e um acréscimo na categoria Alvarinho.
Para além da Grande Medalha de Ouro, o júri destacou 15 produtos na categoria Ouro e 17 na categoria Prata, com 55 referências a qualificar-se na categoria Honra.
“Os Melhores Verdes 2023”
Grande Medalha de Ouro
Quinta D’Amares Alvarinho 2022
Categoria Ouro
DOC Vinho Verde Branco | Zulmira Superior Loureiro Arinto 2022;
DOC Vinho Verde Rosado | Adega Cooperativa de Ponte da Barca 2022;
DOC Vinho Verde Rosado | Casal de Ventozela Espadeiro 2022;
DOC Vinho Verde Tinto | Fedelho Premium Vinhão 2022;
DOC Vinho Verde Alvarinho | Quinta D’Amares Alvarinho 2022;
DOC Vinho Verde Loureiro | Casa da Senra Loureiro 2022;
DOC Vinho Verde Arinto | Abcdarium Arinto 2022;
DOC Vinho Verde Avesso | Quinta de Gomariz Colheita Seleccionada Avesso 2022;
DOC Vinho Verde Varietal | Abcdarium Azal 2022;
DOC Vinho Verde Branco com estágio | Sem Igual Escolha 2018;
DOC Vinho Verde Alvarinho com estágio | Deu-la-Deu Reserva Alvarinho 2020;
DOC Vinho Verde Varietal com estágio | Marquês de Lara Reserva Avesso 2017;
DOC Vinho Verde Espumante | Canhotos Sublime Bruto Alvarinho 2020;
Vinho Regional Minho com estágio | Quinta do Montinho Reserva Alvarinho 2018;
DOC Vinho Verde Aguardente | Delícia Aguardente Vínica Velha;
Categoria Prata
DOC Vinho Verde Branco | Quinta dos Encados Grande Escolha 2022;
DOC Vinho Verde Rosado | Besta Escolha Rosado 2022;
DOC Vinho Verde Rosado | Abcdarium Escolha 2022;
DOC Vinho Verde Rosado | Vale dos Santos Padeiro 2022;
DOC Vinho Verde Rosado | Dom Diogo Colheita Seleccionada Padeiro 2022;
DOC Vinho Verde Tinto | Quinta da Samoça Vinhão 2022;
DOC Vinho Verde Alvarinho | Encostas de Melgaço Alvarinho 2021;
DOC Vinho Verde Loureiro | Quinta dos Encados Loureiro 2022;
DOC Vinho Verde Arinto | Dom Diogo Colheita Seleccionada Arinto 2022;
DOC Vinho Verde Avesso | Abcdarium Avesso 2022;
DOC Vinho Verde Varietal | Quinta de Linhares Azal 2022;
DOC Vinho Verde Branco com estágio | Sem Igual 2016;
DOC Vinho Verde Alvarinho com estágio | Encostas de Melgaço Único Alvarinho 2020;
DOC Vinho Verde Varietal com estágio | Casa de Vilacetinho Grande Reserva Avesso 2017;
DOC Vinho Verde Espumante | Quinta de Gomariz Bruto Alvarinho 2021;
Vinho Regional Minho com estágio | Aveleda Parcela do Roseiral Alvarinho 2020;
DOC Vinho Verde Aguardente | Alvarinha Aguardente Vínica Velha Alvarinho;
Meta de chegar aos mil milhões nas exportações em 2023
A ministra da Agricultura traçou a meta de chegar aos mil milhões de euros na exportação de vinhos em 2023, apesar do contexto difícil.
Falando na cerimónia de entrega dos prémios aos melhores Vinhos Verdes, Maria do Céu Antunes referiu que, em 2022, registaram-se 941 milhões de euros nas exportações, representando um aumento de 1,5% em relação ao ano anterior.
Esta responsável destacou que o país está a exportar mais, tanto em volume como em valor, sendo que mais de 90% do vinho exportado tem denominação de origem protegida ou indicação geográfica.
Relativamente aos Vinhos Verdes, afirmou que estão a «fazer o seu caminho de uma forma rápida, mas sustentada». Adiantou que a região, entre 2016 e 2022, registou mais de 2.800 hectares de novas vinhas, ao abrigo dos novos direitos de plantação.
Recordando as medidas que têm sido tomadas para ajudar o setor desde a pandemia, a governante anunciou que a Comissão Europeia aprovou um pacote de 180 milhões de euros para apoiar a produção agrícola, incluindo o setor do vinho. Este valor inclui os 140 milhões de euros previstos no âmbito do “Pacto para a Estabilização e Redução de Preços dos Bens Alimentares”, para distribuir pela produção de carne, leite, pequenos ruminantes e culturas vegetais, incluindo a vinha de sequeiro e de regadio, 32 milhões para o gasóleo agrícola e marcado e 7 milhões para a eletricidade.
Em matéria de verbas, lembrou que o primeiro aviso do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum disponibilizou mais de 82 milhões de euros, sendo 70 milhões de euros para a reconversão de vinhas, 2,5 milhões de euros para a reestruturação de vinhas biológicas e 10 milhões de euros para a promoção no exterior.
Referindo-se às visitas que efetuou no distrito de Braga, no âmbito da iniciativa “Governo + Próximo”, elogiou o «trabalho fantástico» que a Quinta da Raza, em Celorico de Basto, está a desenvolver. Falou ainda da investigação em curso no Instituto de Nanotecnologia, dizendo que através da sensorização vai ser possível acompanhar o nível de maturação da uva e acompanhar o nível de stress hídrico das plantas, o que permitirá uma produção mais sustentável.