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Vai ficar tudo bem!

Por estes dias mais difíceis que enfrentamos, foi com alegria que recebi um desenho lindíssimo enviado pela minha neta que tinha escrita a seguinte frase: “Vai ficar tudo bem”! Na verdade esta partilha intergeracional reveste-se da maior importância nos dias que correm. Recorda-nos que não nos encontramos sós, pese embora o isolamento, se Deus quiser temporário, em que nos encontramos. Felizmente existem as novas tecnologias que nos acompanham e colocam a par sobre o que tem lugar por esse mundo fora. Nunca o Santo Padre esteve tão perto de nós. Todos os dias tenho assistido à Missa diretamente do Vaticano bem como noutros momentos muito importantes em que o Papa Francisco reza, acompanhado pelos fiéis a nível mundial, por diferentes motivos, em particular pelos que sofrem com a pandemia provocada pelo Coronavírus, Covid-19, solicitando a intercessão da Virgem Maria. Um verdadeiro Pai que nos acompanha diariamente. Mas também por esse mundo fora multiplicam-se nos diferentes santuários, paróquias e movimentos, através dos meios de comunicação social, com a transmissão da missa, de meditações, do terço, do ângelus, Laudes em tempo de Quaresma… Nunca a Santa Igreja nos acompanhou tanto como neste momento de aflição, de preocupação, de sofrimento, de incerteza face ao futuro. Tantos sacerdotes já deram a vida pelos que sofrem, ao visitar doentes, dar a Santa Unção, a Sagrada Comunhão, acompanharem e apoiarem os que se encontram em fase terminal, alguns sós, em unidades de saúde, sem que a família os possa visitar. Ainda ontem recebi a notícia de que já tinham falecido 60 sacerdotes em Itália. Que descansem em paz! No Céu estarão a interceder por nós.

E às vezes assistimos a verdadeiros milagres que nos dão alento e contrariam os dados científicos. Ainda ontem assisti na televisão, a uma reportagem que mostrava uma idosa com 95 anos, rodeada pela equipa médica que aplaudia, já que tinha conseguido recuperar. Meu Deus, acredito sinceramente na generosidade, na bondade do ser humano e na promoção das relações entre gerações, que cada vez são mais necessárias frente a esta pandemia. Não fechemos os nossos corações. Um pouco por todo o mundo temos assistido a ações que tanto nos comovem e interpelam. Creio que o mundo não será o mesmo, mas sim melhor. Tantas famílias com as suas crianças a cumprir quarentena. O mundo adapta-se a esta nova realidade com mil e uma ideias que partilham no sentido de quebrar o isolamento enquanto seres sociais. O agradecimento aos diferentes agentes de saúde, que constituem agora os nossos soldados em tempo de guerra sanitária contra um desconhecido que age em silêncio. Os cientistas unem-se e esforçam-se por encontrar medicamentos e vacinas que vão de encontro às necessidades provocadas pela pandemia. As forças de segurança velam por todos. Os governantes procuram encontrar e legislar medidas que possam efetivamente ajudar as empresas e as famílias. Os serviços que são necessários mantêm-se abertos em prol do bem da comunidade, com esforço, sacrifício, empenho e dedicação. Chegou a altura de esquecermos as diferenças mas irmos de encontro ao que nos une, ou seja, salvar vidas, para depois reconstruirmos a sociedade. E todos podemos dar o nosso contributo, por mais modesto que seja, promovendo a esperança, lutando contra o desânimo, abrindo-nos ao Céu, a um Deus que nos ama, à transcendência, através da oração, pedindo a coragem que nos falta e a sua bênção e a intercessão da Virgem Maria, para o que não entendemos, de momento, sabendo que tudo concorre para o nosso bem. Há alguns dias telefonei para o Lar onde se encontra uma amiga centenária que costumo ir buscar, para passear, almoçar, ir às compras. Encontrei-a bem, mas saudosa e um pouco queixosa. Impedida de a visitar comecei a pensar como a poderia animar. De repente veio-me ao pensamento a nossa última saída. Tinha então tirado uma fotografia com a minha neta, sua afilhada. Estavam tão bem! Resolvi enviar por email, pedindo para imprimirem e entregarem à minha amiga. No dia seguinte quando telefonei referiram que parecia outra. Tinha ficado tão feliz! Refiro este episódio a título de exemplo de como um pequeno gesto pode dar alguma felicidade a quem se encontra, de momento, privado da nossa habitual companhia. Santa Maria, esperança nossa, intercedei por todos nós!


Autor: Maria Helena Paes
DM

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8 abril 2020