twitter

Um dia muito verde que se quer repetido

Desportivamente sou multicolor assumido e, como bom português, as cores da nossa bandeira sobrepõem-se às demais. Desde cedo, quando da fundação do GD Gerês, na década de 70, que tomei o verde como uma das minhas cores de eleição. Depois, quando iniciei a carreira futebolística nos juniores do Vieira SC, o amarelo que defendia passou a integrar a minha panóplia de cores preferidas. Como futebolista senior o verde prevaleceu sempre, fosse no GD Gerês, no Vilaverdense ou no Palmeiras. A partir da década de noventa, muitos anos de trabalho na formação do SCB, e o acompanhamento constante do ABC, fizeram-me vermelho e (voltar ao) amarelo. Lecionando há cerca de três décadas em Vila (com) Verde (no nome) e tendo representado o clube, comecei a acompanhá-los mais assiduamente este ano, sempre que possível em casa, e fora, em Vizela e agora em Alvalade. Depois dos brilharetes conseguidos na taça, eliminando, entre outros, o Boavista, a ida a Lisboa justificou e mereceu acompanhamento condigno de todo um concelho na defesa de um emblema. Rumei pois até à capital, no final do almoço, depois de assistir a um Sto. António antecipado no centro da Vila, onde centenas de pessoas encheram dezassete autocarros para assistir a um jogo em que o verde sairia vencedor, sempre. Constatei também que muitas freguesias do concelho, bem como os políticos da região, deixaram rivalidades e inimizadas de parte, unindo-se em torno de um clube que com o Náutico de Prado, entre outros, dão ao país praticantes de excelência em diferentes modalidades. Já em alvalade rejubilei, no reencontro de inúmeros ex-alunos com quem, habitualmente, troco “galhardetes” desportivos e que sei seguidores confessos, alguns “doentes” mesmo, do clube da capital a assumirem, incondicionalmente, a defesa do clube da sua terra. Pena foi que um daqueles senhores que constantemente ameaça entrar em greve não assinalasse, em cima do intervalo, uma grande penalidade a favor do VILA. O golo do SCP que surgiu no minuto seguinte, por certo não aconteceria e, durante os 15 minutos de intervalo, uma bancada repleta iria estremecer com um arraial minhoto. Na 2.ª parte, Jorge Jesus apostava nas duas motos de alta cilindrada (Podence e Gelson) mais cedo e, com toda a naturalidade, o jogo seria ganho pelo Sporting. Assim, festejou-se na mesma, cantou-se durante o jogo todo e ainda houve tempo para me aperceber de um olhar de censura de um aluno que ao passar por mim ouviu um alerta que entendi fazer, de forma audível, ao árbitro: “O senhor está a ser extremamente incorreto” (não garanto que tenham sido estas as palavras que utilizei, no calor do momento) Por fim, faço votos para que esta ida, em massa, a alvalade tenha sido o clique que faltava para o campo Cruz de Reguengo ficar mais bem composto quinzenalmente e, quem sabe, haver mais gente a visitar terras onde o VILA vá defender a VERDE cor.
Autor: Carlos Mangas
DM

DM

15 dezembro 2017