Assim como os treinadores passam de bestial a besta, os adeptos “mais doentes” também sofrem da mesma síndrome. Deliciam-se com os seus dotes de treinadores de bancada nas redes sociais ou verbalizados em mesas de café - agora menos, devido às restrições pandémicas - com as certezas próprias de quem nunca tem dúvidas e…raramente se engana.
Os do clube com folgas forçadas a meio da semana e que, por isso mesmo, podendo aplicar todas as suas energias na Liga ascendendo ao 1º lugar, deixa os adeptos sem saber como reagir. Há quem manifeste natural alegria, a que acresce o facto de – acreditando no 1º ministro - não haver Natal, aquela barreira física e psicológica que lhes coarta habitualmente o sucesso. Mas, outros há que suspiram por derrotas, pois só assim é possível terem eco as suas críticas veladas (ou não) à direção e ao atual presidente.
Pior andam os do outro lado da 2ª circular, com a direção do clube agradecida ao consócio António Costa por determinar proibição de adeptos nos estádios. Prometeram-lhes arrasar e jogar o triplo, mas a maldição do três persegue-os e já há sócios arrasados com os resultados desportivos e eleitorais. Se nos desportivos rezam a “Jesus”, para melhorar, nos eleitorais imitam Trump, solicitando recontagem de votos. Num clube imaculado, puro e virtuoso, não consigo compreender como pode haver sócios a duvidar de outros sócios.
Já os adeptos do clube, cujo treinador não gosta de perder - como se alguém gostasse - alegram-se a meio da semana e entram em stress no final da mesma, até antes do governo decretar este confinamento nas tardes de sábado e domingo.
Mas, se com a preocupação destes adeptos posso eu bem, custa-me ver os do meu clube terem comportamentos de adeptos de clube… grande. Dizem-se diferentes, mas, perdoem-me a sinceridade, muitos, ao que se lê nas redes sociais, são apenas adeptos de vitórias.
Com resultados positivos, o treinador é o maior; o Matheus devia estar na seleção; os centrais são perdoados; os laterais parecem voar; o André Castro é “Gverreiro” de nascimento e, em campo, carrega não só o piano como também os restantes instrumentos musicais da orquestra; o Al Musrati, além da superior qualidade tem a mais valia de ter desertado do “inimigo”; os outros médios têm GPS nas botas; o mal amado Fransérgio é idolatrado por ser injustamente crucificado em Guimarães; já esquecemos o Trincão porque temos o Moura da mesma fornada; Horta e Paulinho deveriam formar a dupla atacante da seleção; os 8 milhões pelo Abel Ruiz não se questionam pois o Galeno foi barato e, por fim, o nosso banco pede meças a qualquer instituição financeira.
Resultado negativo com o atual líder da Premier League e, esqueçam o que foi escrito acima, porque… é tudo mentira. Com saídas ao Dragão, Afonso Henriques, Luz, Zorya e Leicester, estamos em 2º lugar nas duas competições. Sugiro que sejamos mais racionais, acreditando na equipa e em quem a dirige.
Tiques de adeptos de vitórias? Não, obrigado.
Autor: Carlos Mangas