Nenhum setor de atividade estava preparado, ou poderia analisar de forma clara, as consequências de uma epidemia como a que vivemos, de restrições e isolamento social. Muitos são os que pensam e perguntam em que é que o desporto vai ser afetado, se pode ou deve mudar, quais as tendências, e como o setor pode estar melhor organizado para o futuro?
Parece claro, que os pensadores e investigadores sociais apontam para eventuais mudanças, em que algumas se poderão transformar em oportunidades. Desta forma, com possível impacto na atividade relacionada com o desporto, podem configurar-se, ou adaptarem-se novas respostas, e aqui ficam apenas algumas:
Aumento da comunicação à distância e valorização dos pontos positivos do teletrabalho, quer para os quadros executivos e empregadores, quer para os quadros operacionais;
Criação de uma estratégia de comunicação assente na proatividade, na transparência e no rigor, assim como planear e definir uma política de gestão de crise no plano interno e externo;
Atenção à inovação, que mudará a indústria do desporto, uma estratégia digital em todos os aspetos do negócio, transformando pessoas, processos e tecnologia;
Planeamento da atividade das organizações desportivas para a disponibilização de serviços, atividades e possibilidade de treino através de aplicações virtuais, independente e monitorizado, com dados de avaliação (quase ilimitados) de performance;
Maior dedicação à área dos eSports, quer na organização e promoção de eventos e competições, quer na organização e gestão de equipas e praticantes;
Melhoria das competências dos Recursos Humanos na área das novas tecnologias (e estatística), adaptada às necessidades dos utilizadores nos processos de compra/venda, produção novas aplicações com a desmaterialização de materiais não amigos do ambiente, adequação de resposta dos responsáveis pelas organizações desportivas e seus gestores à crescente capacidade de avaliação do mercado e dos “clientes”;
Compreensão das expetativas do novo desenho e targets demográficos, dos produtos e serviços por género e idade, das novas formas de chegar aos públicos e como comunicar com estes;
Definição de estratégias de redução de custos decorrentes da supressão na utilização das instalações (espaços, maquinaria, manutenções, etc);
e utilização das plataformas “online” para a realização de reuniões e vários tipos de formações;
No entanto, este modelo mais tecnológico e aparentemente menos social, só terá sucesso numa sociedade que se quer mais humanista e mais preocupada com o futuro. Alguns aspetos terão necessariamente que ser preservados, os quais fazem parte da própria natureza humana e que têm caracterizado a atividade do desporto ao longo de décadas, nomeadamente a preocupação da salvaguarda dos interesses das “pessoas”, com o desenvolvimento sustentável e proteção do ambiente, promoção e prevenção da saúde, com a responsabilidade social, e com uma sociedade mais justa e equilibrada, onde todos devem ter o seu espaço e ser felizes.
Autor: Fernando Parente
Tendências para o Desporto

DM
17 abril 2020