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Tempo para pensar

Tempo de fé, mas também de esperança, prudência, coragem e paciência, perante um cenário onde o medo nos tira a alegria e torna sensíveis e ao mesmo tempo revoltados, por nos sentirmos impotentes perante um vírus que mata. Como reagir perante as limitações e o confinamento que nos obrigam num contexto de pandemia, sabendo-se que os idosos necessitam de maiores cuidados e os lares têm sido os locais onde mais casos de Covid-19 são notícia. Ninguém duvida hoje do esforço das cuidadoras das instituições de solidariedade, para protegerem os utentes, ao mesmo tempo que se privam do contacto com seus familiares durante dias, numa tarefa de grande dimensão humana nem sempre reconhecida. Uma curiosidade mesmo em tempo de pandemia, é saber que as avaliações de desempenho já em prática em muitas dessas instituições sociais, permitem premiar com justiça quem de forma tão meritória está na primeira linha de prevenção e combate ao Covid. Só agora parece alguns políticos darem conta da importância social das Instituições de solidariedade social, nomeadamente pelas tarefas que desempenham no apoio à família, «desempenhando tarefas que também são incumbências do Estado». Uma outra questão importante é refletir sobre a gestão e meios dessas Instituições, onde as despesas são contabilizadas com rigor e as contas fiscalizadas durante todo o ano, para que o orçamento seja cumprido, mesmo num contexto de pandemia com aumento de despesa. Talvez por isso, as eleições nestas IPSS raramente tenham candidatos oposicionistas, antes pelo contrário rareiam os candidatos a ocupar estes cargos. Novidade tem sido algumas entidades desconhecerem as limitações de espaços, as dificuldades económicas, a carência de pessoal nesse terceiro setor de Economia Social. Trata-se realmente de organizações dinâmicas com especificidades mesmo a nível de Gestão de Recursos Humanos, bem como legislação laboral e acordos negociados que implicam encargos para as instituições. A importância destas Instituições parece só agora começarem a ser devidamente reconhecidas e valorizadas, infelizmente pelo aparecimento de uma pandemia que veio mostrar as fragilidades existentes nesta área social. Ao Estado compete fiscalizar e apoiar as IPSS, no sentido de dar dignidade àqueles que recorrem a estas instituições sociais.
Autor: J. Carlos Queiroz
DM

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23 novembro 2020