A primeira pergunta que se impõe é: conseguirá o PSG pagar tal investimento sem infringir as regras do Fair Play financeiro da UEFA? Esta pergunta é relevante não apenas do ponto de vista financeiro mas também da moral e se o clube consegue pagar os custos, como dizer que é imoral?
Numa transferência há sempre 3 preços a considerar que são o do mercado (a que se chega por consenso e depende de múltiplos fatores); o do clube vendedor (que tem a sua forma de avaliar) e o do clube comprador. Como se pode imaginar, se os preços coincidem, a transferência é possível, no entanto, raramente coincide com o valor do mercado.
Neste caso o valor do clube vendedor foi imposto através da cláusula de rescisão acordada. Talvez fosse baixo, mas nesse caso o Barcelona admitirá que o valor de 222 milhões não é elevado para Neymar, dado que se soubessem, teriam provavelmente colocado o valor mais acima (para comparação, o de Ronaldo é de mil milhões de euros). Ou seja, o preço a que avaliariam Neymar hoje seria provavelmente mais alto. Como tal, não se podem queixar.
Assim sendo, além dos potenciais prémios monetários por vitórias, a chegada de Neymar ao PSG pode elevar também a marca do clube e atrair receitas extra. Será também com isto que os dirigentes do PSG estarão a contar.
Assim sendo, poderemos afirmar que o clube francês não está a cometer nenhuma imoralidade. Se consegue de facto pagar os valores envolvidos sem ter de recorrer aos cofres do Qatar, então não será mais imoral que alguém da classe média compre um “Mercedes classe E” ou um “Ferrari”, mesmo que para isso tenha de cortar algumas outras despesas para poder pagar as prestações?
Quem acompanha este fenómeno sabe como se pagam estes valores e para além das verbas do clube também quem é associado ou acionista paga por estas transferências e todos aqueles que tem televisão, mesmo sem assinaturas de canais desportivos, acaba por pagar a transferência. Quem assina canais desportivos, é sócio de um clube, compra merchandising ou vai aos estádios de futebol acaba também por contribuir, ainda mais, para que isso suceda.
No entanto, deveremos considerar que a esmagadora maioria dos jogadores de futebol não ganha assim tanto dinheiro. A maior parte deles receberão salários mais elevados que a média do país mas apenas por dezena e meia de anos.
E então será imoral este montante? Talvez, mas comparado com as grandes fortunas das pessoas mais ricas do mundo o futebol só sofrerá por ser pequenino...
Autor: Luís Covas