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Seis medidas para acabar com os fogos florestais

B) Daí que, há decerto por todo o país uma bem organizada rede, que comanda largas centenas de incendiários, os quais actuam de forma bem metódica e não por mero “apetite” ou tara; C) Essa rede de incendiários serve interesses ilegítimos vários e conta com conivências a alto nível, inclusive talvez até no pessoal (e nos meios aéreos) de combate aos fogos e venda de materiais; D) Boa parte dos grandes fogos começa ou reacende-se à noite; E) Antes dos anos 70, e sendo o clima quase idêntico, o n.º de fogos e a área ardida eram em média 15 a 20 vezes inferiores aos das últimas 4 décadas;

F) Mesmo  que haja vagas de calor, só deflagram incêndios em zonas localizadas (“escolhidas”), o resto do território fica a salvo; G) Há dias seguidos de calor e quase sem fogos, mas há outros dias que “originam” largas centenas de fogos (postos, é claro); H) A “limpeza das matas”, embora útil, é um mito, já que é demasiado dispendiosa para a maioria dos proprietários; e pouco vale que haja alguns que a façam, se outros tantos, à volta, não a fizerem…;

I) O “cadastro das terras” é outro mito ainda maior; já que é demoradíssimo, gera numerosos conflitos, em muitas zonas do país é dificílimo de fazer e, para mais, parece ter como intenção escondida, roubar às freguesias terrenos para os parques eólicos; J) A diminuição do eucaliptal vai ter de ser firme, mas gradual, dadas as vastas áreas que já lhe foram atribuídas e os interesses em jogo; K) Porém, o encobrimento de décadas e a impunidade (por ano, há muitos milhares de “ignições” e só algumas dezenas de detenções, que raramente dão prisão…) levam a comportamentos de verdadeiro gozo por parte desta classe de delinquentes.

3 – Os fogos “a eito” dão a perceber os interesses que estão por trás). Para as celuloses (que aproveitam bem a madeira queimada e que abrem assim novos espaços à eucaliptização); e para muitos (não todos) madeireiros sem escrúpulos, dá proveito que os incêndios se concentrem todos numa certa área, pois torna-se menos difícil a recolha das madeiras e forçam-se os proprietários que não queriam vender, a fazê-lo.

Mais um exemplo de tudo isto, é a vaga de grandes incêndios que têm assolado, em 2017, boa parte da zona vizinha do Tejo, e que vai desde Pedrógão até Nisa, já no Alto Alentejo; passando por Figueiró, Sertã e Mação (terra do juiz Carlos Alexandre…). Quem não aceitava cortar as árvores, agora até as vai vender baratas… Em Amieira do Tejo (Nisa) queixava-se um velho lavrador revoltado, a um Marcelo sempre indiferente, sorridente e optimista, que perdera oliveiras com 4 séculos…

4 – A 1.ª medida é aumentar drasticamente as penas). Em vez de ca. de 7 anos para punir o crime de fogo-posto (ou incendiarismo), a pena deveria ser, p. ex., de 15 anos e sem saída por bom comportamento.

5 – A 2.ª medida é a delacção premiada oficial). O juiz diria: “caro amigo, podes escolher; não dizes quem te pagou para deitar fogo e vais preso 15 anos completos; mas se dizes e conseguirmos indiciar o mandante, daqui a 2 meses já te deixaremos sair”. Remédio santo, bastaria que 10% dos presos colaborasse e logo se descobria todo o fio à meada.

6 – A 3.ª medida é a apreensão e confisco pelo Estado, de toda a madeira queimada). Perdia quem lucra com os fogos-postos, pois o Estado é que venderia, ao preço administrativo que quisesse (bem mais caro que o mercado). É aquilo que Jorge Cordeiro, meu antigo editor no JN, referia como política do “pau queimado, pau do Estado”.

7 – Área que ardeu seria obrigatoriamente reflorestada com floresta autóctone). Salvo os espaços que estão arrendados às “celuloses”, qualquer área ardida, a ser reflorestada, só o poderia ser com carvalhos, sobreiros, pinheiros, azinheiras, castanheiros, faias, freixos, zimbros, medronheiros, tílias, etc. E nunca com os ditos “cedros do Bussaco”, que são é mexicanos.

8 – Autorização de algumas zonas só para eucaliptais). Seriam uma espécie de secções de um verdadeiro “anti-parque natural” (p. ex., onde já hoje estão concentrados os eucaliptais), de forma a salvar a Natureza nas restantes 5/6 partes do território. É que o óptimo é inimigo do bom…

9 – A 6.ª medida seria a da intervenção directa do Exército na defesa da floresta). O fogo, ao nível que vem registando Portugal desde há décadas, é equiparável ao terrorismo. E directamente vocacionado para tal, devia existir um corpo militar destinado a vigiar, prender e acusar os incendiários (aliás, o serviço militar obrigatório devia também ser reposto…). É a riqueza (e a honra) dos portugueses que, por aquela criminalidade organizada, é vilipendiada ano após ano, todos os verões, desde há 40 anos. Uma afronta ao Povo, de que só o Exército pode tratar.


Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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8 agosto 2017