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O Secretário de Estado e… o eucaliptal

Saúdam-se as notícias que nos dão conta que crianças e jovens a partir do próximo mês poderão reiniciar os seus treinos e competições. No entanto, como foi o Secretário de Estado do Desporto a anunciá-lo, é melhor esperar e ver, para crer, não vá este ser desautorizado como aconteceu após entrevista a um desportivo, onde se orgulhava do muito que tem feito - tenho andado mesmo distraído - e divulgava o regresso dos adeptos aos estádios. Ainda do mesmo senhor, outra previsão de um otimismo sem precedentes: “o número de atletas em Portugal não apenas será recuperado no pós-pandemia, como até superado, devido ao prometido apoio ao setor de 65 milhões de euros e à aplicação de verbas do próximo quadro comunitário…”.

Como neste país, apoios prometidos, raramente são cumpridos, nem será necessário vir o 1.º ministro desmentir. Mas, mesmo que os apoios surjam, não consigo encontrar relação causa/efeito para um aumento exponencial de jovens a praticar desporto. Apetece parafrasear Juan Carlos quando se dirigiu a Hugo Chaves.

Autorizado a frequentar recintos desportivos na qualidade de comentador de uma rádio local, no domingo temi que me submetessem a teste de alcoolémia. É que até ao intervalo do jogo a que assistia no Municipal, olhando para o relvado, sentia estar a vê-lo algo inclinado, a descer para o lado que o SC Braga defendia. Não tendo acesso ao VAR, fui questionando quem via o jogo pela TV para perceber se viam o mesmo que eu. Inúmeras respostas positivas, descansaram-me para um tranquilo regresso a casa, caso viesse a ser interpelado pelas forças da autoridade, mas simultaneamente preocupado com as contas municipais. Sabe-se que esta obra d’arte tem sugado os cofres do município e que há a ideia de a vender, assim apareça comprador interessado. Mas, mesmo sendo obra de arte, quem quer um Estádio inclinado, tipo Torre de Pisa?

Nada como uma boa noite de sono, pensei, para aquilatar da minha sanidade mental. No dia seguinte, ao ler os desportivos, percebi que os especialistas de arbitragem d’ O Jogo, viram todos o mesmo que eu e Duarte Gomes, no jornal “A Bola”, também concordava comigo. O momento ZEN, acontece quando neste mesmo jornal leio a opinião de José Manuel Delgado, diretor adjunto e jornalista destacado para o Municipal de Braga. Ao vivo, também ele sentiu e viu o mesmo que eu, um campo inclinado. Ora, como a inclinação de Delgado é sobejamente conhecida, penso termos ficado todos esclarecidos.

Sabíamos que a nossa flora futebolística é, desde há muito, constituída por três eucaliptos - árvores de grande porte - e muitas outras de menor porte a que (quase) ninguém liga. O que não sabíamos é que outros espécimes arbóreos com influência na flora futebolística - pinheiros por exemplo - não aceitem que na redoma reservada a três eucaliptos se encontrem outras espécies. Depois, queixam-se de ser maltratados e até confundidos com outras árvores, por gente que que em momentos de justificado desespero possa, informalmente, tratá-los por carvalhos.


Autor: Carlos Mangas
DM

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26 março 2021