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São Paulo VI

Em 21 de maio do ano corrente o Vaticano anunciou que os Beatos Paulo VI e Dom Óscar Romero seriam canonizados no dia 14 de outubro, em Roma, durante o Sínodo dos Bispossobre os jovens e as vocações, convocado pelo Papa Francisco, como de facto aconteceu.

Para a canonização do beato Paulo VI era necessária a realização e confirmação dum milagre. E o milagre que foi referido e comprovado foi a cura de uma bebé no ventre da sua mãe.

A protagonista do milagre foi Amanda, uma menina que nasceu em 25 de dezembro de 2014, apesar de uma gravidez complicada, na qual era difícil que a bebé sobrevivesse, como afirmavam os médicos.

Segundo explicou o semanário La Voce del Popolo, “a gestante, da província de Verona, corria o risco de abortar devido a uma patologia que comprometia a vidada criança e da mãe”.

Entretanto, alguns dias depois de Paulo VI ser beatificado, a mãe visitou o Santuário delle Grazie, em Brescia (Itália), lugar onde os devotos do Papa Montini costumam ir.

Assim, sem uma possível explicação médica, a menina nasceu em 25 de dezembro de 2014, com boas condições de saúde.

Paulo VI foi beatificado pelo Papa Francisco em outubro de 2014. Entre outras coisas, é reconhecido como autor da encíclica Humanae Vitae, documento que teve um marco histórico na defesa da vida desde a conceção, cuja publicação completa 50 anos em 2018.

É oportuno referir algo da vida de São Paulo VI. Cinjo-me apenas a alguns traços da sua vida e da sua personalidade.

Giovanni Battista Montini nasceu em 27 de setembro de 1897, na Brescia, Itália. Seu pai, George, foi um proeminente advogado e católico fervoroso, deputado três vezes pelo Partido Popular Italiano. Sua mãe, Judite Alghisi, foi uma mulher maravilhosa.

O filho escreveu a seu respeito: "Que subtileza de sentimentos, de palavras, de trato! Quiseste que a casula da minha primeira missa nova fosse tirada do teu vestido de casamento!"

Este facto não podia ser mais eloquente do amor que unia mãe e filho. Ele transparecia nessa veste litúrgica que serve a celebração do mistério eucarístico.

Giovani Montini estudou no colégio dos jesuítas e também no seminário diocesano, sendo ordenado sacerdote em 1920. Foi enviado para a nunciatura apostólica de Varsóvia, mas, passado um ano, regressou a Roma, onde continuou os estudos conseguindo três graduações, em filosofia, direito canónico e direito civil. Foi bispo de Milão e cardeal, nomeado pelo papa João XXIII.

Com a morte deste papa (3 de junho de 1963) foi eleito papa em 21 de junho desse ano. A sua primeira preocupação foi a de continuar o concílio vaticano II. O período pós-conciliar foi muito difícil para a igreja católica. Paulo VI usou todas as suas energias de prudência e discernimento para conduzir a igreja evitando cismas a fortalecendo a verdade revelada.

Nutria uma especial devoção à Virgem Maria. Na audiência de 21.12.66, afirmava: "Se perguntarmos qual é o caminho central e direto neste mundo que nos leva a Cristo, a resposta é rápida e belíssima: este caminho é Maria". Foi Paulo VI que no discurso de encerramento da terceira sessão do concílio, diante dos bispos do mundo proclamou a Bem-aventurada Virgem Maria Mãe da Igreja. Entre as várias encíclicas, escreveu duas sobre Maria: Christi Mater, Mense Maio.

Ficou conhecido como o Papa Peregrino. Foi o primeiro papa a sair de Roma, com exceção de Pio VII, que foi a Paris coroar Napoleão. E também o primeiro a visitar os cinco continentes, o primeiro a usar o avião. Entre as múltiplas viagens, conta-se a que realizou a Fátima, em 1967, no 50.º aniv.º das Aparições, com uma das maiores multidões a recebê-lo.

O Papa Paulo VI faleceu no dia 6 de agosto de 1978, dia litúrgico da Transfiguração do Senhor. Antes da morte, nos seus escritos tinha expressado o seguinte: "Certamente, eu gostaria, quando tudo se acabar, de me encontrar na luz. Desejava estar na luz no momento justo em que tudo se fizesse escuridão e viesse a morte". Deus fez-lhe a vontade ao chamá-lo na luz irradiante do Monte Tabor.


Autor: Manuel Fonseca
DM

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27 outubro 2018