Dívida perpétua?! E o recebimento dos juros não será também perpétuo?! Risco? Com esta taxa de juros? Contas feitas, ao fim de dez anos, o capital investido ficará mais do que recuperado. Ou não será assim?
Contudo, estas afirmações e estas interrogações suscitam-me mais alguns comentários que vou agrupá-los em duas categorias para se verificar o grau da legitimidade do pensamento político que lhe está subjacente, da ideia económica para o país ou mesmo da cegueira ideológica dos radicais em matéria de financiamento privado.
1. Neste tocante, lembro que, se esta operação, privatização parcial, fosse executada por um governo de Passos Coelho, os neo-comunistas, os neo-trotskistas e os radicais do PS fariam cair o “Carmo e a Trindade”, argumentando que o governo estaria a vender o país aos agiotas e ao grande capital; se esta operação fosse executada por um governo de Passos Coelho, os clientes do sistema sairiam à rua em “manifes” embandeiradas e suficientemente ruidosas em defesa da banca pública e do serviço público;
se esta operação fosse executada por um governo de Passos Coelho, os sempre demagogos radicais intoxicariam a opinião pública que o encerramento de balcões era uma medida para favorecer a banca privada e os interesses das multinacionais; se esta operação fosse executada por um governo de Passos Coelho, os “patriotas da esquerda” mobilizariam as suas agremiações sindicais, arautos e “mentes aguerridas” do povo que labuta, para defender os milhares de postos de trabalho que vão ser extintos; enfim, se esta operação fosse executada por um governo de Passos Coelho, a taxa de juro de 10,75% ao ano seria considerada ignóbil, uma rapina ao erário público e uma verdadeira afronta à poupança nacional.
Noutra abordagem, e ainda refutando a argumentação fantasiosa e irresponsável do líder da geringonça, destaco o seguinte ponto:
2. Ficamos a saber que a primeira fase da recapitalizacão aberta aos privados (fundos de investimento estrangeiros) movimentou a módica quantia de 500 milhões de euros e cuja taxa é paralisante para a viabilidade da CGD que pagará por ano o montante a rondar os 54 milhões de euros. A seguir, vem uma segunda fase da recapitalizacão, também aberta aos investidores institucionais, envolvendo montantes a bater nos 450 milhões de euros. No final e apuradas as contas, os juros totais, das duas tranches, andarão à volta de 100 milhões de euros anuais.
Cem milhões de euros anuais! Uma monstruosidade financeira para um país completamente servil dos interesses das oligarquias internacionais e subjugado às imparidades daqueles que souberam, com esperteza, retirar proventos de uma classe política e de gestores públicos que não viu nada, não sabia de nada e não percebeu nada de nada. Mas, o buraco lá está: gigante, acomodado e incapacitante. Só em jeito de remate: se a este montante lhe juntarmos 2 mil e 500 milhões de euros injectados pelo BCE, os juros deste financiamento atingem valores inimagináveis.
Quem vai pagar a conta? Obviamente, os mesmos do costume.
Simplesmente fantástico, se não é?! Malabarismos de um governo de derrotados que quer fazer dos portugueses um bando de néscios e de tontos! Eu rejeito representar este papel! E o leitor?
Autor: Armindo Oliveira