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Dizem as Escrituras que o Ressuscitado, na «manhã daquele dia» (cf. Jo 20, 1), apareceu primeiro a Maria.
Trata-se de Maria de Magdala (cf. 16, 9), mais conhecida como Maria Madalena (cf. Lc 8, 2).
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Ela «viu Jesus de pé» (Jo 20, 14), «perto do sepulcro» (Jo 20, 11).
Acontece que, antes de Madalena ter visto Jesus cá fora, já alguém «tinha visto» sinais de Jesus, lá dentro.
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Juntamente com Pedro, o «Discípulo Amado» – o apóstolo João segundo a Tradição – «viu» as ligaduras e o pano que cobriu o rosto de Jesus (cf. Jo 20, 6-7).
Ficou especialmente intrigado com a posição do pano. Este, na verdade, não estava com as ligaduras; estava arrumado «num lugar à parte» (Jo 20, 7).
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Se o corpo de Jesus tivesse sido roubado – como suspeitava Maria Madalena (cf. Jo 20, 2) –, o pano não ficaria arrumado (cf. Jo 20, 7).
Não é suposto que os ladrões tenham tais cuidados. A prática dos ladrões é desordenar o que está ordenado. Mas havia um outro dado a considerar.
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É que, entre os judeus, um criado não podia tocar na mesa antes de o seu senhor ter terminado a refeição.
E como é que ele sabia que o senhor terminara? Precisamente pela posição do lenço que tinha ao lado do prato.
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Se o senhor amarrotasse o lenço, queria dizer: «Já terminei».
Mas se, ao levantar-se, deixasse olenço dobrado, o criado continuava a não poder tocar na mesa, porque o lenço dobrado queria dizer: «Eu voltarei»!
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Foi então que João entendeu o que «ainda» não entendera (cf. Jo 20, 9): Jesus tinha voltado. Não tinha sido roubado; tinha, sim, ressuscitado!
No fundo, João «viu» Jesus. Não foi uma visão física, mas foi uma visão mística, igualmente real.
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Não é por acaso que o Evangelho afirma que João «viu e acreditou» (Jo 20,8). É como se dissesse: «Viu porque acreditou». Naquele pano, João «viu» Jesus.
Este «ver» é fornecido pelo «acreditar». Acreditar é ver antes de ver, é ver sem ver.
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O caminho de João não foi, pois, ver para crer, mas crer para ver.
Daí que, quando Jesus proclama felizes os que acreditam sem terem visto (cf. Jo 20, 29), também esteja a elogiar João.
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Afinal (e com a possível excepção de Maria de Nazaré), ele foi primeiro a ver o Ressuscitado.
Antes de aparecer no exterior a Maria Madalena, Jesus já tinha aparecido no interior de João!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
