A ‘notícia’ mais bombástica surgiu nas labaredas da (dita) opinião pública cerca de uma semana antes da designação ‘semana Cáritas’ – envolvendo, sobretudo, a sua expressão em Lisboa – e, consequentemente, colidindo com o peditório de rua em todas as dioceses. A emersão do assunto naquela data não foi nem inocente e tão pouco inconsequente. Pelos valores envolvidos e outras questões apensadas deu para perceber que os danos na recolha de donativos estava, desde logo, prejudicada, fossem quais fossem as pessoas que viessem para a rua e onde quer que isso se visualizasse.
= Um breve aparte: sabemos como certas entidades não conseguem fazer com idênticos meios e valores, algo que se assemelhe àquilo que a Igreja Católica vai conseguindo. Um dia alguém referiu que a Igreja é capaz de fazer com um terço dos valores o que outros tentam com três vezes mais… Ora tais ‘milagres’ não são fruto da sorte nem de mera proteção divina – diga-se que se sente e se exercita… fielmente –, mas antes registam-se devido uma boa gestão de proximidade, aliando ao razoável conhecimento das causas em ordem a vencer as consequências… atuais e futuras.
= Feita esta ressalva poderemos tentar descortinar alguns dos motivos que terão levado a que certas forças se assanhassem contra a Cáritas e um tanto para com a Igreja Católica naquilo que ela tem de presença no mundo dos desfavorecidos, marginalizados e até malqueridos no resto do tempo, à exceção da época de eleições… Porque é que uma tal jornalista se abespinhou tanto sobre o assunto – debitando juízos do seu pedestal televisivo – e não fez antes uma reflexão sobre alguém da sua família, que fugiu do país após ter sido acusada de gerir um tal ‘saco-azul’? Será que certas figuras pensam que somos todos desmemoriados e que não conseguimos unir as pontas de episódios e situações duvidosas, ontem como hoje? Até onde irá a cumplicidade de argumentos, quando estão em causa assuntos mais sérios do que “fait-divers” encomendados?
Todos precisamos de cultivar a transparência, mas com isso não andemos a gerar momentos translúcidos ao serviço de razões (mais ou menos) subterrâneas… e geridas com pinças.
= Tentemos enquadrar a obra da Cáritas e de tantos outros serviços e movimentos na Igreja Católica que concretizam a ‘ação sacerdotal’ de cada cristão pela caridade organizada e vivida como testemunho da Palavra escutada e da liturgia celebrada.
* Assistência – mais que um certo assistencialismo que não dignifica quem o recebe, a capacidade de assistência pode e deve criar sinergias para fazer sair das dificuldades quem pede ajuda e a recebe gratuitamente… Por vezes um pequeno empurrão pode fazer toda a diferença. Quantos casos temos visto, assistido e compartilhado.
* Prevenção – será pela educação e a valorização dos fatores de tribulação que muitos dos que se aproximam dos serviços sócio-caritativos da Igreja Católica, que têm de se distinguir das ações de segurança social ou das redes de ministérios da área do trabalho, que muitos casos poderão e deverão ser resolvidos de forma responsável e não meramente subsidiodependente… Basta de ter presos pela boca os que precisam de ajuda!
* Solidariedade – há quem considere esta como o novo nome da caridade, mas nem sempre isso será tão linear e desapaixonado. Com efeito, já os padres da Igreja diziam: não dês aos outros por caridade, aquilo que merecem por justiça! A solidariedade cria novas oportunidades, mas estas não podem ser prolongamento das pretensões de quem o executa. A dignidade das pessoas merece ser respeitada sempre e sem intenções menos claras ou capciosas, seja dos mentores, seja dos executores.
Cremos que não será esta onda de maledicência que fará desmotivar quem serve os outros, porque eles são presença e sinal de Cristo para nós. A recompensa será dada sempre e essencialmente por Deus!
Autor: A. Sílvio Couto