twitter

Proibir os incêndios, isso sim, não as touradas

  1. Brincar aos “apanhados” com as touradas e os incêndios).Talvez por demonstrarem à saciedade, a credulidade das massas (e dos eleitores típicos), os programas televisivos de “apanhados” já estiveram mais na moda do que estão hoje. Não que não tivessem piada, com frequência a tinham. Porém, evidenciavam por demais, que o eleitor (o decisor) comum, que põe e tira os governos, os PRs e as assembleias, não passa afinal de uma criatura timorata e influenciável, de uma “Maria vai com as outras”, facilmente enganável por um cenário bem feito; ou pela manha de 2 ou 3 interlocutores mancomunados. Exemplos típicos (mas bem disfarçados) do que acabo de dizer, são as ridículas campanhas de opinião contra a pretensa “crueldade sobre mansos animais indefesos” que seria o elemento central do espectáculo tauromáquico. E também a pretensa “normalidade”, “inevitabilidade” dos incêndios florestais, consequência “forçosa” de alterações climáticas; e de as pessoas não cortarem os seus matos, o coberto arbustivo, tão só.

  2. Contra os incêndios, repressão, investigação e delação premiada). Antes de finais dos anos 70, quase não havia fogos (e eram de muito menor dimensão, pois quase não havia eucaliptos e tendiam a ser dominados à nascença). Por isso, após 40 anos deste vergonhoso espectáculo de Portugal a arder todos os verões (e não só), apenas os tolos é que ainda não perceberam que são “quadrilhas” organizadas de pessoas com interesses ilegítimos, que mandam deitar fogo (milhares de fogos!) ao nosso coberto arbóreo (coisa sem paralelo na Europa). De início eram as secretas campanhas de eucaliptização (as quais obviamente foram bem sucedidas). Depois, foi a polifacetada “indústria” de combate aos fogos (quantos mais houver, mais ela lucra…). Depois, os madeireiros (não todos, claro), que pagam a madeira ardida “ao preço da chuva”; e só com o fogo conseguem comprar antigos bosques de pinheiros, carvalhos e sobreiros, os quais num país civilizado (e turístico) seriam era preservados, não queimados. Mais recente, é o interesse dos parques eólicos em terem encostas livres de arvoredos, para que o vento passe com mais força. Por último, parece haver quem tenha ódio aos portugueses e inveja da beleza do seu território; ou quem se divirta a constatar a burrice de não poucos de nós, que ainda não acreditam que é quase tudo fogo-posto ou negligência grosseira. Apesar das fortunas que os particulares foram obrigados a gastar na dita “limpeza”, mal veio o calor, logo ardeu mais de metade da serra de Monchique. A sorte é que o verão vai fresco.

  3. Denegrir a tauromaquia é insultar os portugueses do sul).Do sul e da chamada Beira Interior, pois no distrito de Castelo Branco e em boa parte do da Guarda, predomina o pessoal “aficionado”. E não é só a força da tradição e da cultura local; é que a criação de gados (bovinos, ovinos, caprinos, porcinos) sempre tem feito parte da economia local, com a consequente lida diária com os animais. Que se arrebanham, guiam, largam e recolhem no campo e nos montados. Daí nasce a lide, a brincadeira, o teste, a análise e classificação dos exemplares. E o conhecimento que permite fugir ao perigo real (mortal) das suas investidas, a arte de cavalgar ao lado deles sem ser agredido pelo touro, etc.. Há formas mais brandas de conviver com as aptidões lúdicas do touro (p. ex. as “chegas de touros” de T. os Montes e Terras de Basto (ou Baião, Mesão Frio, Vieira do Minho); a vaca de cordas (P. de Lima); ou o encerro e forcão, no Sabugal.

  4. Atacar a tauromaquia é lesivo da tão preciosa unidade nacional).É dividir, quer Portugal quer Espanha, em regiões taurinas e anti-taurinas. É que à volta dos touros nasceu toda uma Cultura venerando toureiros, forcados, cavaleiros (e até, touros!) do passado, às vezes remoto. Nasceu música de grande beleza (“pasodobles”, fados, “coplas”, cantes, “jotas”). Belas praças de touros (Madrid, Sevilha, Lisboa, etc.). Floresceram os montados de sobro e azinho, agora ameaçados pelo eucaliptal e pelo olival. De Santarém a Madrid e Pamplona; de Huelva e Badajoz a Zaragoza; de Múrcia a Évora; de Ávila e Cáceres a Valência e aos Açores, há todo um mundo que parte da intolerante e ignorante jovem “civilização digital” citadina desconhece e repele desrespeitosamente.

  5. Só os vegeterianos…). Só estes é que têm legitimidade para criticar as touradas. Quem comer carne ou peixe, bem sabe que a comida não nasce nos hipermercados; e deriva do penoso abate de animais. Às vezes bem jovens (leitões, cordeiros, cabritos, vitelas, frangos); a maioria leva uma curta vida de confinamento e incómodo. O touro, não: passa 4 anos de liberdade nos montados.

  6. Se o BE e o PAN se preocupassem mais com os incêndios). Era bem mais coerente com o que apregoam. Visto que nos inumeráveis fogos florestais, morrem queimados milhares de aves e pequenos mamíferos, desaparece a biodiversidade, destrói-se a Natureza. Então, e o sofrimento destas vítimas? Decerto deve ser menor que o de um touro numa faena… Deixem por uma vez de gozar com a nossa inteligência, a qual também não é assim tão pouca como supõem…


Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

DM

21 agosto 2018