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Por Portugal e pela Europa impõe-se votar

Cerca de dez anos após o pedido de adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia (EU), e depois de longas negociações, Portugal foi finalmente admitido a 1 de janeiro de 1986. Quem se lembra de como era o país nas décadas de setenta e oitenta do século passado, seguramente fará um balanço muito positivo dessa adesão. Na realidade, basta lembrar a rede viária desses tempos, a falta de saneamento e até a eletrificação que ainda estava longe de chegar a todos os recantos do país para aquilatar os enormes benefícios que os fundos europeus nos trouxeram. Se num breve esforço de memória recordarmos as dificuldades em atravessar Portugal de lés-a-lés, ou até em chegar a certos lugares de muitas das nossas aldeias, ou ainda pensarmos nas repercussões que a falta de abastecimento de água potável, de esgotos e de tratamento de lixos tinha na qualidade de vida da maioria dos portugueses, certamente bendiremos a nossa entrada na União Europeia. É evidente que ao longo destas já mais de três décadas em que pudemos testemunhar a modernização do país houve erros e falhas que poderiam e deveriam ser evitados. A certa altura, o abandono da terra e um certo menosprezo pelo mar foram obviamente os maiores equívocos que reconheço, com as nefastas consequências que todos conhecem. No entanto, apesar de todas as vicissitudes sofridas ao longo deste complexo processo de integração na UE, o saldo é sem dúvida extremamente positivo. A nossa participação na União Europeia, não só nos trouxe progresso, como também nos permitiu participar de pleno direito num grande espaço de desenvolvimento, cultura e liberdade constituído pelos vinte e oito estados que atualmente a compõe. Remover os perigos que nunca como hoje a ameaçam, é um dever de quem preza a democracia, a liberdade e a paz. Que o digam os jovens deste tempo! Em que outra época houve tanta facilidade em viajar, ou programas de intercâmbio como o Erasmus? Em que outra época houve tantos portugueses em universidades europeias? Aqui chegados, não nos podemos deixar iludir. A Europa está internamente em risco. A possibilidade do Brexit, a imigração, os refugiados, as alterações climáticas, o desemprego jovem e a proliferação de nacionalismos xenófobos e populistas são uma verdadeira ameaça. A necessidade de encontrar soluções capazes de ultrapassar com êxito tantos problemas nunca foi tão premente. Por isso, neste perigoso contexto, a composição do futuro Parlamento Europeu assume uma importância acrescida pelas decisões que a breve prazo terá de tomar. Hoje, talvez como nunca, não basta deixar nas mãos dos outros a capacidade de decidir. Confiar num futuro melhor exige que cada um assuma as suas responsabilidades e escolha o que deseja para si e para as gerações vindouras. Nos tempos que correm, em que as mentiras e as falsas notícias correm à velocidade da luz e os disfarçados algozes da liberdade tentam minar os alicerces da democracia, a abstenção não pode ser opção. Por nunca como hoje haver a necessidade de defender um modelo de Europa democrático e solidário, capaz de garantir o progresso e a paz que nos permita continuar a ter o modo de vida a que nos habituamos, é importante votar. Mais do que um dever, não ficar em casa e participar nas eleições para o Parlamento Europeu, é uma imperiosa obrigação de consciência. Por Portugal e pela Europa a decisão para um amanhã com esperança passa um pouco por cada um de nós. Caro leitor, para que mais tarde não se venha a arrepender, não deixe de votar. Será um pequeno esforço que pode decidir o nosso futuro coletivo. Não falte, vote!
Autor: J. M. Gonçalves de Oliveira
DM

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14 maio 2019