O governo tribal socialista, ainda em exercício, é comparável a um chaço velho e sem reparação possível. Um chaço, qual peça de museu arruinado, corroído por “ferrugens” encaroçadas, que lhe alteraram o designer inicial e o hp (horse-power) programado. O chaço dá espectáculo em todas as stands do país. Os vendedores do chaço surgem no palco de vendas com prosápia afinada e de peito feito, tentando levar o pacóvio na pandeireta, ao vender “gato por lebre”. E não é que a clientela vai caindo no goto! E até aplaude.
O modelo do chaço foi construído nas garagens do Largo do Rato, nos idos da gestão Soares e bem continuado pelo dueto Guterres/Sócrates, trazendo já de fábrica peças defeituosas que o inibem de ter um bom desempenho na cangosta da governação. Já lhe ensaiaram introduzir, na gerência Costa, peças sobressalentes, mas os resultados continuam a não serem satisfatórios, apesar da enorme propaganda para o afirmar no mercado paralelo. O chaço, grande consumidor de combustível e de manutenção cara vai todo sorridente para a ribanceira. E, neste cenário melodramático, os espectadores batem palmas. Talvez seja a fingir. Mas batem.
Ponto um - Sinceramente! Devo ser dos poucos “indígenas” do território luso que não reconhece capacidades supra valorativas ao incontornável ministro das Finanças, Mário Centeno. Eu sei que a propaganda é muita e os sorrisos são demais. A treta é refinada e a vergonha pouca. A responsabilidade anda pelas ruas da amargura e a arrogância é gigantesca. Mas, o ministro não tem nada de especial e de verdade para apresentar ao país. Nem ideias miraculosas. Limitou-se a gerir a boa situação herdada, não fosse Centeno “um quadro obscuro do Banco de Portugal”.
Ponto dois - O sucesso aparente deste ministro reside fundamentalmente em dois exercícios comprovados: o primeiro, assenta no difícil, mas magnífico trabalho feito pela dupla Passos Coelho/Vítor Gaspar que salvaram o país do desastre financeiro da governação de má memória de Sócrates/Costa. Os socialistas, na oposição, desmemoriados e sem vergonha, fizeram tudo, e mais do que tudo, para colocar o odioso da austeridade em cima de Passos Coelho (PC) com uma argumentação irresponsável e indecente. Até a saída limpa do Resgate, feito absolutamente notável, foi vilipendiada pelo clã. O segundo exercício, assenta na conjuntura económica europeia, bem favorável, que se tem verificado a partir de 2015.
A política económica de Centeno é fácil de entender agora. Para a perceber basta ir ao baú das “más memórias de PC” para lá se beber a poção mágica do sucesso. Assim, Centeno fazendo uso da cartilha do “famigerado governo de Direita” deu seguimento à coisa. Foi isso mesmo que Centeno fez. Convém não esquecer que a narrativa inicial de Centeno apontava na direcção do investimento público e do consumo interno, como as alavancas e os garantes do crescimento económico. Falhou em toda a linha e teve de realinhar as políticas pelo mote de PC.
Ponto três - Passos Coelho e Vítor Gaspar, para resolver o gravíssimo problema da bancarrota socrática, se bem que empurrados pela Troika, tiveram o discernimento e a coragem de aplicar a terapia da austeridade racional, com um controlo rigoroso das finanças públicas, que não machucou a funcionalidade e a eficiência do SNS. O mesmo aconteceu com a Educação e com outros serviços do Estado. É claro que os mais atingidos nesta político do garrote foram os funcionários públicos e pensionistas, com salários mais elevados. Estes “comeram pela medida de Barcelos” e com o acrescento do horário de trabalho para 40 horas semanais.
Ponto quatro - Centeno tem demonstrado que é um excelente aluno da doutrina financeira das duas caras. Uma na Europa, liberal e com austeridade; outra em Portugal demagógica e com cativações cegas, “enganando” os extremistas do PCP e do BE. No final e com sorrisos, é sempre preciso iludir o cidadão eleitor, dando-lhe a entender que o país está no melhor dos mundos. Ou seja, faz-se de conta que não existem dívidas para pagar, que a economia nacional cresce como nenhum outro na Europa, que os défices não existem, que as pessoas têm os bolsos cheios de dinheiro, que os empregos criados são de vínculo definitivo e bem remunerados, que o SNS funciona às mil maravilhas, que a Escola Pública é uma fonte de sucesso e de bem-estar, que a austeridade é coisa de um passado tenebroso, etc, etc.
Ponto cinco - O que causa algum espanto, é que o dr. Costa continue a debitar o “virar da página” e “o país está melhor” como verdades, quando sabe que o chaço se está a desfazer aos pedaços. E o engraçado da história é que os vendedores do chaço andam muito sorridentes.
Autor: Armindo Oliveira