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Ponto por ponto

Este é o meu desejo imediato: viver no país do meu amigo António. Aquele país de figuras governativas cinzentas, insípidas, com cinismos à flor da pele, onde a governança se manifesta na busca incessantemente do poder. Aquelas figuras, um pouco tontas, mas que fazem tudo para iludir o pacato cidadão. Poder, só o poder. Não importa se o perdem nas urnas.

Eu quero viver naquele país em que os governantes são todos muito amigos uns dos outros ou com laços endogâmicos a uni-los. E, assim, fica-se com uma oligarquia perfeita. Dá gosto vê-los felizes, sorridentes, bem dispostos e cheios de boa prosápia. E de óptimas ideias (?). Governar à socialista é isso: boys, girls, amigos, nepotismo, impostos e o dinheiro dos outros.

Ponto um – Neste ambiente polarizador e com uns tantos irritantes no caminho, não há hipóteses de se desafinar ou de se alterar a linha de rumo. Quem ousará desconstruir o país das maravilhas? Os neo-liberais? Os austeritários? A Direita malévola? Ninguém!

O país das fantasias está melhor. Muito melhor! Por isso, é bom viver e sentir um país sem a maldita e penosa austeridade como pano de fundo a chatear a gente e a penalizar os mais desprotegidos. O país do meu amigo António é um exemplar único em toda a União. Cresce como nenhum, consolida as contas como nenhum, olha para os seus como nenhum. Desta forma, os cidadãos desse país de nepotismo têm uma vida tranquila, confortável e com um futuro risonho. Um país risonho para todos. Felicidade é bem-estar. Sem cortes, sem austeridade e sem sacrifícios. Isto é fantástico! Vale a pena viver no país do meu amigo António.

Ponto dois – Vamos aos argumentos e irrefutáveis do meu amigo António: Foram repostos os salários e pensões aos funcionários públicos que tinham sido roubados por Passos Coelho. Quais funcionários públicos? – pergunto eu – Os que ganhavam mais de 1500 euros mensais? O mesmo aconteceu com o subsídio de Natal. Houve reposição. (Só que não é verdade). O SNS recebeu mais 1300 milhões de euros e vai contratar mais 400 enfermeiros. (Este é mais um anúncio). Com esta injecção de dinheiro e de pessoal, as listas de espera para consultas de especialidade e para cirurgias vão praticamente desaparecer. (Será treta, pela certa).

Esta melhoria do sistema de saúde se deve ao governo do dr. Costa que deu, assim, mais eficiência ao SNS. Tudo uma maravilha! Greves no sector? Existem, mas são anódinas. Só pode ser por ingratidão, por desrespeito e não é por culpa deste governo que tudo tem feito para repor direitos roubados e para descongelar carreiras. Assim o disse o dr. Costa. O descontentamento social e laboral que existe no país do meu amigo António é pela razão evidente, de estarmos melhor, de haver outras expectativas e de se responder melhor às necessidades das pessoas! Inacreditável, não é?! Digo eu!

Ponto três – Outro argumento – O crescimento económico está num patamar bastante positivo. Crescemos acima da média europeia e o desemprego atingiu números do pleno emprego. O crescimento é tão significativo que o país, em vez de subir, está a descair na tabela do desenvolvimento social. O rendimento per capita (RPC) já se situa na vigésima primeira posição na União Europeia, o que equivale a posicionar-se bem na retaguarda. O RPC está cada vez mais a distanciar-se da média europeia e em linha com o ano de1999. Portanto, estes indicadores serão de regressão ou de sucesso? Pergunto eu! Parece que é de sucesso bem para baixo.

Ponto quatro – Ainda outro argumento – O défice público é o mais baixo da democracia nacional. Feito único do mágico das Finanças, Mário Centeno. Pudera! Para que servem as cativações (austeridade rosa)? E o menor investimento público de todos os tempos? E os cortes na requisição de pessoal em tudo que é sector público? E e eficiência dos serviços públicos que está nas ruas da amargura? Como se justifica a perda de mais de 8 mil milhões de euros dos fundos da União Europeia não aproveitados? Da carga fiscal?

Ponto cinco – A carga fiscal que pesa sobre os contribuintes é um confisco descarado para se poder aspirar a ter mais uns trocos nos bolsos. Dá-se uns míseros euros de aumento e do outro lado do “arbusto” pica-se o contribuinte com mais impostos indirectos. Tem sido esta a estratégia seguida por este governo minoritário. A esquerda, empurrada pela extrema, é viciada na cobrança de impostos. Agora, já se fala em se criar impostos europeus. Até dá a ideia que não somos europeus. Ou será que seremos subsidiários e não pagantes desses impostos europeus?

Nota final – É mesmo bom viver e conviver no país do meu amigo António! Se não é?!


Autor: Armindo Oliveira
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7 abril 2019