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Ponto por ponto

Ainda não percebi bem o papel desempenhado pelo PSD de Rui Rio como principal partido da oposição. Não percebi, mas queria perceber para conseguir montar o puzzle do poder democrático que está em cima da mesa no momento. O que vejo é um jogo viciado com peças soltas, algumas esbatidas e desconchavadas, que não se encaixam bem no modelo económico, cultural, social e, agora, até linguístico nacional.

Na montagem desse puzzle, às vezes sobram peças, outras vezes dá a ideia que não chegam, mas no momento certo, lá aparecem. Há muito bluff nestes arranjos e desarranjos. Nos avanços e nos recuos. Existe manha com fartura e visão muito vesga.

Entretanto, o jogo continua arrastado e com resmungos abafados por todo o lado. Tenta-se ensaiar outros modelos, mas o dono do jogo, sempre muito casmurro, aldraba as peças para formar figuras esquisitas e ilógicas num ritual acobertado por um “regulamento” estagnado de 1917.

Ponto um - O PSD tem sido, nestes últimos tempos, uma peça sobrante. Uma peça que não tem qualquer interesse para este jogo aparente e estranhamente democrático. Dizem-nos que temos e que vivemos em democracia. Não sei se o é, sinceramente. Parece-me mais uma “coisa política” que se está a tornar intragável, cheia de barreiras, de epítetos e de artimanhas. “Coisa” amordaçada talvez. O adjectivo parece assustar os ideólogos. Sentem-se incomodados. Não sei porquê. Têm medo da verdade, da clareza e da decência. Até as palavras mãe e pai incomodam.

Já sem espanto por parte dos espectadores e com poucas réplicas dos concorrentes, o jogo, para se evitar mais ruído e mais buracos idiotas, vai se jogando monocórdico e trauliteiro.

Ponto dois - O PSD anda à deriva neste mar crispado. O timoneiro perdeu a bússola nesta viagem dos poderes por ser uma peça fioca, também casmurra, com contornos mal definidos e por ser demasiadamente plástica. Ou mesmo, uma peça defeituosa. Só pode ser. Quer servir para tudo e, no final, não serve para nada. Parece um estorvo. Comporta-se como um estorvo.

O jogo chegou a um ponto de difícil retorno. A derrota (desastre) poderá ser eminente. Se acontecer, como no “torneio” de 2011, os jogadores pôr-se-ão a milhas. Sem assumirem. Aliás, ainda empurraram, sem vergonha, as responsabilidades do falhanço para outros. Aí, as coisas correram mesmo para o torto. Como era de esperar. Não havia volta a dar. Uma alhada.

Até ao momento, tudo está bem encapotado e melhor enrodilhado. Até o “grande-chefe” dá o seu aval à miscelânea. No fim, sempre sem derrotados. Não convém que os haja. Quem vier a seguir que limpe o tabuleiro e arrume a caixa. E depois logo se verá.

Ponto três - O manipulador do jogo tem feito “gato sapato” do PSD. Mais de Rui Rio. Ora, diz que não precisa dessa peça para continuar o jogo, ora se junta para estabelecer “acordos” esconsos que só trafulha as regras previamente delineadas. Como aconteceu com as nomeações das CCDR’s (Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional). Do lado da extrema sinistra, os habituais conselheiros barafustam, mas, nos momentos certos, lá estão presentes a dar a sua ajuda para desbloquear o jogo. O tal jogo viciado. E não se importam. Bons sapívoros.

O puzzle está uma trapalhada e disfuncional. Um pouco caótico e dependente de terceiros. Sem esses contributos, o jogo, já há muito tempo, teria sido um desastre. Uma calamidade. O jogo não segue uma estratégia coerente e ponderada. Vai conforme a maré. Ora avança, ora recua. Mais recuos que avanços. Quase sempre aos ziguezagues. Não há ideias inovadoras, nem uma linha de rumo definida. Vai ao sabor da corrente e segue na linha de costa. Sem arrojo.

Ponto quatro - O PSD, cabisbaixo e abúlico, vai aceitando as “regras” do manipulador. Praticamente silenciado. Muito silêncio. Silêncio demais. Um silêncio que incomoda. Por medo da banda em que joga. Medo dos estigmas que lhe imputam. Medo de assumir a frontalidade de se jogar às claras. Medo de denunciar as novas “regras” que tentam impor. Medo do passado e das suas obras. Um medo incompreensível e paralisante.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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28 março 2021