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Ponto por ponto

Para um cidadão que gosta deste país e que não se conforma com o desempenho de um governo “do conta-gotas”, causa-lhe dó continuar a ver a desfiar o novelo dos escândalos, dos erros, dos desastres. Causa-lhe dó ver a pobreza em Portugal. Causa-lhe dó ver o país na cauda da Europa. Causa-lhe dó ver o nepotismo instalado e os arranjos nas altas esferas do Estado.

Ponto um - Não fosse a selectividade da memória, com os rituais de amnésia que lhe são peculiares, os políticos ter-nos-iam prendado com belos “recuerdos” das suas “excelentes prestações” na administração pública e que resultam amargamente no enfeite das páginas escurecidas de uma ilustração de pobreza incompreensível (orgânica e cultural), tendo como pano de fundo uma “democracia amordaçada”, como nos dizia, com propósito, o ex-presidente da República, prof. Cavaco Silva. Este país, em contra-balanço, tem tudo para conferir outra dignidade, outro índice de exigências e outra dimensão social a este povo repetidamente embrulhado em ideologias redutoras e enviesadas, mas sempre complacente nos momentos adequados e de verdade. Não temos, de facto, políticos com classe e com visão. Com sentido de Estado e que assumam responsabilidades, quando as coisas correm mal.

Só nos qualificava como povo, se acordássemos para os pesadelos governativos que surgem no quotidiano e diante dos olhos.

Ponto dois - Posto isto, ainda estou na senda dos desastres, alguns já referidos no trabalho anterior. Agora, haveria de se reflectir e de se discernir muito bem por onde nos querem levar com esta política do endividamento. Sim, o endividamento incontrolável da economia nacional, das famílias e das empresas. Este não é, seguramente, o bom caminho. O melhor caminho. O caminho da estabilidade e do futuro. O endividamento é uma escara que dilacera este país débil e que vai ter implicações directas na vida das gerações vindouras, que não têm culpa dos erros colossais que se cometem a todo instante. O endividamento é forma estúpida e irresponsável de se governar. É uma dependência que não leva a lado nenhum. Nem no curto prazo, nem em prazo nenhum. O endividamento desregrado não gera rendimento. Permite só a distribuição abusiva e eleitoral para fazer caçar votos e traficar influências.

Ponto três - Há muita confusão neste primeiro-ministro como líder do governo. É um líder que não vê a realidade a dois palmos de distância. Governa, fazendo de conta que não há endividamento, que não há recessão, que não há défices, que não há imensas dificuldades sociais. Tapa a realidade com uma peneira. Esta não é, claramente, a melhor estratégia para se governar um país. Um país europeu. Por mais que se queira enganar ou esconder, a dívida está sempre presente no presente e estará segura e monstruosa no futuro. No momento, convém fazer de conta que não existe, se bem que se avolume e se arredonde com muitos zeros. Os políticos não querem saber deste problema. E o povo também não.

O socialismo no poder é mesmo a nossa desgraça! E será a desgraça dos vindouros!

Ponto quatro - Por mais recuos que faça à procura de obra feita, não encontro nestes seis anos de governação qualquer coisa de relevante e que possa figurar nas páginas da história das governações da nação. Não há nada de significativo e que mereça algum registo. Servirá, ao menos aos que vêm a seguir, de reflexão e para se retirar as devidas e sábias lições de como se pode estar no poder, durante duas legislaturas, e conseguir a proeza de nada fazer. Aqui, fica bem demonstrado que o gabinete da propaganda é vital para a manutenção e para a “consolidação” do poder, em parceria activa com doses adequadas de ilusões, de fantasias e de sondagens mais ou menos encomendadas. Fica também demonstrado que o eleitor, de grosso modo, não quer saber dos problemas do país para nada, como por exemplo, de onde vem o dinheiro, da questão da produtividade e da competitividade, desde que lhe satisfaça as suas necessidades mínimas. E depois, esse eleitor usa o argumento redutor, desrespeitoso e irracional do “quem vier a seguir que feche a porta”. Ou seja, as próximas gerações que se lixem e que se amanhem.

A este comportamento poder-se-ia chamar “solidariedade intergeracional socialista”. Nem mais!


Autor: Armindo Oliveira
DM

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21 março 2021