“Todo o mundo é capaz de dominar uma dor, excepto quem a sente”. William Shakespeare, dramaturgo, poeta, considerado o maior escritor em língua inglesa (1564-1616)
Ponto um - Fez no 04 de Março 20 anos que aconteceu a tragédia de Entre-os-Rios. Um dos pilares centrais da ponte Hintze Ribeiro, em Castelo do Paiva, sobre o Rio Douro, ruiu, levando na queda, parte do tabuleiro que precipitou para o tumultuoso caudal do rio um autocarro e três automóveis. Neste desastre morreram 59 pessoas. A maioria dos corpos das vítimas nunca apareceu. Não houve sobreviventes.
Este foi um desastre pré-anunciado. Muita gente, especialistas, entidades políticas locais e até simples populares, fartaram-se de avisar os organismos responsáveis para a degradação deste equipamento rodoviário e para o seu previsível colapso. Os pilares, há muito tempo, davam sinais evidentes de desgaste e com rupturas. Ninguém quis saber dos avisos. Ninguém quis saber de nada. Esta tragédia nunca deveria ter acontecido, se os responsáveis tivessem sido diligentes e capazes de responder aos problemas a tempo e a horas. E como era de esperar, a culpa morreu mesmo solteira, contrariando o dito assertivo do ministro da tutela de então, Jorge Coelho.
Ponto dois - Incêndios de 2017. Morreram 116 pessoas. Outra tragédia que era evitável. Pelo menos, na dimensão que aconteceu. Um horror! Um acontecimento monstruoso! Uma tragédia imprópria de um país europeu. Mais uma das páginas negras da História das governações socialistas. O dr. Costa na ânsia de colocar os seus “rapazes” nos lugares cimeiros da Protecção Civil mexeu na estrutura de comando numa época que se avizinhava perigosa e que se adivinhava ser inapropriada para fazer qualquer mexida. Todo o comando foi mudado, quando as condições atmosféricas excessivamente anormais, a carga combustível acumulada nos solos e a inexperiência dos profissionais aconselhava prudência e racionalidade. Aconselhava também que houvesse a máxima vigilância nas zonas mais frágeis e mais susceptíveis de haver combustão. A culpa desta calamidade, como é de esperar, vai morrer solteira, apesar do Presidente da República (PR) repetir e apelar até à exaustão o ”apure-se toda a verdade, doa a quem doer”. Nem a verdade será apurada, nem vai doer a quem deveria doer.
Ponto três - O roubo das armas de Tancos. Outro desastre que não virou tragédia por acaso. As armas roubadas, nas mãos de criminosos, poderia provocar uma situação catastrófica com resultados inimagináveis. Este caso não deu tragédia, é verdade, mas deu lugar a uma grande comédia. O achamento das armas, o enredo, os personagens e o “ninguém sabia de nada” conferem à história um toque enigmático e surrealista, próprio de um país sem norte, sem comando e sem responsabilidades. Mais uma vez, o PR exigiu o “apure-se toda a verdade e doa a quem doer”. Nem a verdade será apurada, pela certa, nem vai doer a quem deveria doer.
Ponto quatro - Os incendiários das neo-ideologias extremistas marcam presença nos tempos de agora. A ideia dominante desta gente palavrosa e acéfala é fracturar. É criar clivagens na sociedade para a tornar mais enfraquecida e mais amorfa. É quebrar, ainda mais profundamente, a espinha dorsal da sociedade: a família. Esses extremistas já fizeram tudo. Desde a aprovação do aborto num país de velhos até à eutanásia no mesmo país que criminaliza quem abata cães.
As rupturas sociais e políticas são visíveis. A abstenção eleitoral é cada vez maior e mais sentida, pois é uma forma das pessoas reagirem a esta democracia pobre, vazia e iliberal.
Agora, a idiotice atira-se raivosamente à História e aos grandes homens do passado. No presente não temos gente valorosa e exemplar. Não há ninguém que empurre o país. Não há ninguém que indique o rumo certo. Não há “bússolas”. Não há “cartógrafos”. Não há “portolanos”. Há um vazio de entusiasmo. Os timoneiros são medíocres. Mas, há verborreia, de ideias feitas, que se tentam, depois, apagar com metáforas ou com linearidade para esconder idiotices ou bajulações.
E, no fim, querem-nos fazer acreditar que Portugal é um país pobre. Não. Não é. O que Portugal tem, é políticos fracos e medrosos. Elites sem valor e subsídio-dependentes. Como convém!
Autor: Armindo Oliveira