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Ponto por ponto

Eu sei. Todos sabemos. É claríssimo. O “filme de terror” que estamos visualizando, a pandemia, atinge também a vertente económica, de forma inexorável. As cenas desta economia dilacerada já foram, mais ou menos, vistas em 2011. Com umas nuances. O guião, os actores, os figurantes, os cenários são praticamente os mesmos. Agora, o sketch já não terá aquelas narrativas muito típicas do actor principal do tempo: José Sócrates. O “filme” de 2020 tem a mais uma tragédia associada, uma grande tragédia, que causa horror e que tem deixado as pessoas num estado de ansiedade, de angústia e de um medo inimaginável. O que não é pouco. Isto bastava.

As cenas de sobrevivência económica das empresas e das famílias desalinharão, com certeza, com o dito do ministro das Finanças: “O país nunca esteve tão bem preparado para enfrentar uma crise”. Meu Deus, como é possível debitar argumentos deste teor, numa altura de aflição e de desnorte! E se fosse verdade! A esquerda nunca, mas nunca aprenderá nada. É incorrigível!

Ponto um - Portugal está numa tremenda encruzilhada. A situação sanitária é complexa no momento e vai atingir a alma deste povo que vive apavorado e refugiado nos seus lares. Talvez esperando por um milagre para poder livrar-se do pesadelo do vírus chinês.

A situação sócio-económica que irá surgir no pós epidemia vai exigir uma política de rigor, de coragem e de muitos sacrifícios. É fácil de prever um cenário de austeridade severa e implacável para se sair deste imbróglio. O que eu sei, é que, a esquerda não sabe resolver o problemas que tem em mãos e nem está preparada para dar o combate às questões económicas. Não está e não sabe. Prefere alinhar noutras realidades. Mais pictóricas e mais fantasiadas. Quer eurobonds.

Ponto dois - Austeridade? Não, não é possível. Primeiro, este governo não tem moral para aplicar medidas restritivas (cortes) a ninguém. Durante quatro anos, andaram a vangloriar-se de feitos que não lhes pertenciam. Mostraram uma sanha endemoninhada e sem limites contra àqueles que salvaram o país no Resgate Financeiro. Segundo, são peritos na distribuição de recursos, mesmo que não existam, e não na resolução de problemas. Durante quatro anos, divulgaram a ideia do “fim da austeridade”, uma mentira pegada, usando e abusando do eufemismo “cativações”. Para dar mais enfoque à coisa, associaram à sua narrativa o aumento brutal dos impostos de Vítor Gaspar e depois de Maria Luís Albuquerque. Outra mentira pegada, quando eles próprios elevaram essa carga fiscal a patamares nunca vistos. Terceiro, isto não se resolve, de certeza, com optimismos irritantes, com propagandas e com mentiras. Isto resolve-se com coragem e determinação. Com capacidade de decisão. Por último, e só para lembrar esta gente: o PS deixou o país uma lástima em 2011. Eu não acredito na esquerda para resolver o problema grave que existe. Não, não acredito! Empurram sempre os problemas com a barriga. A fuga é previsível.

Ponto três - Segundo analistas do Banco de Portugal, a recessão (queda do PIB) vai situar-se entre os 3,7% e os 5,7%. Pelo cenário mais optimista este valor (3,7%) ficará inferior ao que se verificou na bancarrota socrática que foi de 4,7%. O mesmo aconteceu com o défice público que se situará nos 10%, portanto, abaixo dos 11,2% do tempo da Troika. O desemprego subirá acima dos 10%, bastante inferior aos 17,7% de 2011. Estes dados comparativos faz ressaltar o papel de grande qualidade desenvolvido pelo governo de Passos Coelho que, numa legislatura, conseguiu inverter a recessão de -4,7% para +1,8%; o desemprego de 17,7% para 12,4%; o défice de -11,2% para -2,98%. Como isto não chegasse, fez uma almofada financeira de 24 mil milhões de euros. Isto é obra! Isto é boa governação! Isto é qualidade!

Ponto quatro - A boa notícia (?) chegou com o propósito de Mário Centeno continuar no Ministério das Finanças. Com este ministro nos comandos das Finanças, os portugueses podem ficar descansados que não haverá austeridade, não perderão rendimentos, nem a carga fiscal irá subir. O desemprego vai ser controlado e o investimento público baterá números recordes. A dívida pública, mesmo sem pagar um cêntimo aos credores e a subir nominalmente (250 mil milhões de euros) vai continuar a descer (?) no rácio com o PIB. Daqui a quatro anos o país estará em forte crescimento económico e o défice perfeitamente controlado.

A notícia mais preocupante no momento vem da voz da presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet que alerta para o flagelo da fome que já está a sentir-se no terreno.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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5 abril 2020