Estas simpáticas aves urbanas têm uma longa história de convivência com os humanos.
Desde a mais remota antiguidade foram consideradas símbolo de inocência. Tanto na cultura judaica como nos povos politeístas eram oferecidas como vítimas em sacrifícios. E até o Espírito Santo assumiu a forma duma pomba.
Os habitantes da Capadócia, em especial os monges, criavam pombas em nichos das rochas. Eram apreciadas como alimento e os seus excrementos fertilizavam a terra árida e ainda eram empregados no fabrico de pólvora.
Antes da invenção dos meios de comunicação modernos os pombos correios, pela sua resistência e sentido de orientação, desempenharam papel importante. Ainda há columbófilos apaixonados que os criam por desporto.
A partir da Idade Média os senhores das terras construíram pombais que eram uma espécie de despensa de carne fresca. Os borrachos eram muito apreciados. E mesmo que dessem prejuízo nas sementeiras e searas, os rendeiros não podiam matá-las, pois havia penas severas. Foram muito usadas como alvos em torneios de tiro aos pombos. Não sei se ainda se realizam.
Modernamente têm sido alvo de estudos que concluíram que elas reconhecem quem as alimenta mesmo que mude muito de aspeto. Têm, como outras aves, em especial as de rapina, vista apuradíssima, pelo que podem ser usadas na busca de náufragos, por exemplo. Possuem memória espantosa, sendo capazes de reconhecer centenas de fotografias. Claro que estas capacidades só são reveladas mediante treinos.
Estas aves têm uma esperança de vida de trinta anos.
Há pombas brancas, cinzentas com riscas escuras nas asas, castanhas e malhadas. Que eu veja, não há pombas brancas em Braga. Em Sevilha, pelo contrário, todas as pombas são brancas. As mais graciosas são as pombas de leque, brancas e com a cauda armada.
Muitas cidades, como Veneza, orgulham-se das suas pombas, mas atualmente a tendência é para reduzir o seu número, pelos estragos que causam nos edifícios e monumentos. Contudo, há processos de as impedir de pousarem (arames com picos) como há muitos anos fizeram na fantástica catedral de Milão. Bem precisavam de o fazer na Arcada, onde sujam tudo (por sorte não atingem as estátuas dos Papas anónimos), mas já puseram o “visto” no letreiro de informação do património.
Que seja a Câmara ou a Igreja, urge tomar medidas.
Autor: Maria dos Prazeres Barreto Caldas
Pombas

DM
31 outubro 2018