O vereador oposicionista e adversário de Ricardo Rio terá mesmo adotado um discurso manifestamente depreciativo, não olhando à contenção das palavras sobre o seu companheiro das lides partidárias, ao afirmar «tratar-se de uma entrevista desajustada e, no modo, marcada pela mediocridade das ideias, a pequenez de espírito e a falta de elevação moral»… tudo a propósito de um texto contido na edição do “Expresso” de passado dia 29 de março.
Traçar o perfil de Miguel Corais numa guerra aberta de “mediocridade”, “pequenez de espírito” ou “falta de elevação moral”, pressupõe dar de “mão beijada” trunfos políticos aos restantes candidatos à edilidade, isto é, constitui um arremesso de pedras nos discursos políticos em campanha eleitoral.
Apesar de rapidamente apaziguado, este confronto polémico deixa alguma perplexidade no sentido de se acreditar se é trégua suprimida ou apenas um intervalo audaz para acalmia da animosidade que foi gerada em torno dos militantes e simpatizantes do PS local.
O azedume entre estas duas figuras em apreço justificou-se pelo arrojo sem papas na língua de Miguel Corais, ao afirmar na citada entrevista que «… o desgaste e erros de percurso da gestão de Mesquita Machado, quase inevitáveis, quando se está no poder durante quase quatro décadas».
Quem não gostou desse desabafo, de cariz realista, foi o delfim e ex-vereador do ex-presidente da Câmara visado, tecendo uma linguagem dura pelo seu descontentamento à maioria da comissão política do PS de Braga, por ter optado por uma “cara rejuvenescida”, sinergética e descolada do passado da gestão autárquica, induzindo aos bracarenses algo de diferente, inovador, com uma equipa proativa na luta que se avizinha com mais que evidente renovação da candidatura do presente edil bracarense.
Estes episódios transmitem uma mensagem de insegurança e incerteza sobre a coesão e solidez na constituição de uma equipa de recursos humanos responsável pela gestão e coordenação dos interesses da cidade e do concelho de Braga.
Não são as boas novas mediáticas a anunciar que os mal-entendidos ou divergências estão suprimidas que proporcionam a interiorização de uma convicção de credibilidade e tranquilidade provinda da personalidade socialista, eventualmente eleita como responsável pelos destinos da comunidade bracarense, na melhoria da qualidade de vida dos seus residentes, do setor empresarial e na área dos serviços.
Miguel Corais ironizou como um recado a alguém «… que vai uma grande surpresa», acrescentando que «… não tomo decisões por sondagens, nem me revejo em políticos táticos e calculistas, que se escondem atrás da cortina e só aparecem quando as vitórias são fáceis».
O que é certo e inegável é que é da exclusiva responsabilidade competente do eleitorado bracarense decidir quem melhor serve para os representar institucionalmente no poder local, regional e central, seja pela continuidade ou pela alternativa.
Até lá, a sociabilidade das palavras e do debate das ideias fazem parte de uma moldura cívica, educativa e cultural, alocada ao bom senso “métrico” do seu contexto e significado, para não prejudicar a diferença do peso numa “balança” competitiva no próximo evento eleitoral para a escolha dos representantes autárquicos da cidade de Braga.
Autor: Albino Gonçalves