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Pirataria

Nos tempos de hoje, quando falamos de pirataria, não nos estamos a referir aos piratas das Caraíbas ou dos mares da China, de Sandokan ou do Corsário Negro. Isso foi tempo que o tempo levou. Estamo-nos a referir à pirataria informática. A mesma que tem uma marca de denúncia e invade privacidades; domínios estes abusivos para uns, necessários para outros; a violação de correspondência estatal ou de altos negócios constituiu-se como uma ameaça terrorista. Julian Assange é o “pirata” número um das revelações Wikileaks; recentemente expulso da embaixada do Equador, como pedra no sapato, tornou-se a nível mundial uma figura non grata. Pirata ou simples hacker? Um hacker pode não ser um pirata mas um pirata pode ser um hacker. Há quem os distinga e separe segundo o grau de suas intervenções. Em Portugal temos um não menos famoso “pirata informático”! De seu nome Rui Pinto. Hacker ou pirata, divulgador abusivo ou colaborador? A justiça que o diga e, se possível, faça a devida destrinça. Para mim gostaria de ver Rui Pinto colaborar com os superiores interesses de Portugal: denunciando lavagens de dinheiro, mostrando as manhas e artimanhas de banqueiros, pondo a nu as negociatas de transferências de dinheiro para offshores, mostrar as contas dos políticos que, vivendo dos seus ordenados, ostentam teres e haveres inusitados, podermos saber como se fazem os negócios das transferências do futebol e desportos correlativos, termos respostas para a divulgação do segredo de justiça e, acima de tudo, descobrir o trajeto dos dinheiros entrados e saídos de Portugal. Mas mais , muito mais do que isto, ele investigaria a rede dos pedófilos nacionais e estrangeiros, dos traficantes de pessoas e órgãos humanos, dos que sem pejo nem caridade aliciam adolescentes pela net, os molestadores de crianças inocentes, os que engajam gentes sem emprego, burlando desempregados com falsos empregos no estrangeiro, vendem remédios sem habilitação do INFARMED. Era um trabalho de uma utilidade sem par, era uma nova era de “escutismo” generoso porque matava à nascença o mal e cortava rente as garras a estes tigres malditos. Um tigre sem garras é um gato. Um dia disseram-me, era eu jovem, que tinham prendido um falsificador de moeda. Em vez de o prenderem, aproveitaram a habilidade deste falsário e empregaram-no na Casa da Moeda. Talvez esta história seja verdadeira, ou talvez seja fantasiosa, mas seja qual for a sua autenticidade, demonstra que, em sua mensagem de fundo, está implícita uma vontade de recuperar um artesão e fazer dele um aproveitamento tornando-o um especialista, para além de trazer para cima alguém que estava no fundo do poço. E se fizéssemos o mesmo com Rui Pinto? O governo, todos os governos, necessitam de uma vigilância informática, não só para defender os seus interesses internos, como para poder estar a salvo de conluios e interesses internacionais gravosos para o país. Rui Pinto não quer colaborar com Portugal, acha-se desconfiado ou mesmo descrente da justiça portuguesa. O que eu acho é que tudo isto foi mal orientado. O que se oriente para o espetáculo mediático, normalmente não foge às pateadas. A discrição torna o sucesso elegante. Por outro lado, de que tem medo Rui Pinto? Só ele o pode dizer. Mas, há tanta pena suspensa por vigarices, e há tanto vigarista em prisão domiciliária, que eu pergunto-me se Rui Pinto, se for culpado deve ser condenado, mas punido de uma maneira que possamos aproveitar as suas especialidades informáticas. A Bem da Nação, como se dizia no tempo do falsificador de moeda.


Autor: Paulo Fafe
DM

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29 abril 2019