Indesmentível, digam lá o que lhes vai na “alma” com ou sem rigor, é que o primeiro-Ministro António Costa entrou em insolvência na promessa eleitoral ao cativar o regresso dos cerca de 800 mil emigrantes que entre 2011 e 2017 partiram mundo fora.
Enquanto o seu antecessor Pedro Passos Coelho fortalecia a ideia da saída do recursos humanos qualificados do país como medida alternativa ao mercado nacional de trabalho, sabendo-se do abissal desemprego instalado no território, o líder do governo “geringonça”, aquando da sua candidatura ao cargo de primeiro-Ministro, iludia com utopia e magia ao seu estilo de bom pregador (de partidas), ter encontrado o remédio santo milagroso para o retorno de centenas de milhares de portugueses desesperados e “mutilados” na estrutura organizacional da vida social, profissional e pessoal.
António Costa, desejoso de expurgar o passado governamental do seu antecessor com os “mundos e fundos” do executivo “geringonça”, veio à tona do oceano, acenando revigorado e insistindo numa questão pouco credível de que o mercado de emprego no território nacional está melhor, credível, qualitativo, justamente remunerado e adequadamente definido no âmbito vinculativo. Um engodo!
Como não tem condições para garantir a essência da esperança do retorno dos arrojados cidadãos a trabalharem fora do seu país noutros contornos políticos, promete-lhes benesses propensas a interpretações distorcidas se não forem devidamente explicadas à comunidade residencial não emigrada, nomeadamente os tais 50% de redução no IRS e subsídios de habitação para todos os portugueses retornados.
Ocasionalmente residente no Reino Unido em vias de “brexit” assumido com a UE, achei curioso passar uns bons momentos de reflexão com alguns conterrâneos em terras de Sua Majestade, num ambiente saudável à mistura de um café bem português, tentando compreender os prós e contras num debate de opiniões sobre as intenções do “comendador” primeiro-Ministro de Portugal.
Posta a questão em cima da mesa – se com estes fantásticos incentivos anunciados pelo líder da governação de Portugal voltavam ao seu país –, a resposta generalizada, salvo raras excepções, foi de desconfiança e de riso satírico e bem humorado. Seria um absurdo abandonar um projecto sólido de envolvimento estrutural em situações estáveis de emprego, bem pago e nalguns casos com horários flexíveis.
Por outro lado, a mitigação da injustiça social e salarial funciona como pilar de iliteracia cultural do empresário, ainda habituado à precariedade do emprego dos seus colaboradores e sem cariz de honestidade na valorização técnica e científica do seu quadro de recursos humanos.
Vai ser muito difícil absorver o retorno dos emigrantes portugueses qualificados ou os apelidados “fuga de cérebros”, mesmo proporcionando-lhes uma embalagem de “rebuçados de mel” para a criação de carreira por mérito, apoios habitacionais ou “regalias” fiscais para susbtituir aqueles que estão felizes em países de acolhimento, com famílias constituídas e plenamente integradas.
Partilhamos a mensagem do Presidente da República, quando alude que todas as medidas contributivas para o regresso dos emigrantes portugueses são bem-vindas, contudo, não esqueçamos repensar se Portugal está realmente num “estado de graça” para não defraudar mais uma vez aqueles actualmente desafogados das péssimas condições sofridas no seu país de origem e desfigurados do dever constitucional de ajuda nunca alcançada.
Voltar a Portugal são riscos de dar à “Costa” litoral de águas turvadas sem segurança e banhada de “ervas daninhas” nocivas aos direitos da cidadania de quem ainda tem boa-fé na politização obsoleta irremediavelmente igual a tudo como dantes diversificando o plantio das circunstâncias.
Autor: Albino Gonçalves