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Os presidentes de junta “independentes”

Quando procuramos as razões desse estatuto de “independentes”, encontramos, muitas vezes (outras haverá, nomeadamente resultantes de divisões partidárias), uma explicação que está centrada no presidente da câmara. Na verdade, se este é de um partido diferente, tende a existir uma mudança na lista da junta de forma a aproximar-se do presidente do executivo municipal. 

Assim, se este é do partido “A” e o presidente da junta é do partido “B”, é bem provável que este último “mande às urtigas” o partido pelo qual foi eleito no mandato anterior e se candidate, agora, como independente. E até não se estranhará que, em eleição futura, apareça a concorrer mesmo pelo partido “A”.

Aquilo que parecia ser uma manifestação de independência, surge, afinal, como uma forma de dependência em relação ao presidente da câmara. Esta é, às vezes, tão descarada que o partido do presidente nem sequer concorre nas freguesias em causa.

Importa ter em conta que estes presidentes apresentam, sem o dizer de uma forma explícita, uma aparente boa razão para tal procedimento. Consideram que é melhor para a freguesia estar de bem com a câmara, esquecendo que estão a transmitir, ao mesmo tempo, a mensagem de que o presidente da câmara trata as freguesias de acordo com a cor política.

Estas mudanças não são benéficas, nem para as juntas, nem para as câmaras, e revelam uma democracia ainda muito débil. 

Pensamos que esta corrida às listas de “independentes” vai continuar a crescer, mas pelas más razões. Não se trata de independentes de facto, mas de opções táticas, para não dizer mesmo de oportunismo político. 

Os partidos que se cuidem, pois, a prazo, as freguesias vão começar a pensar que o melhor é apresentar, desde logo, uma lista de independentes, enfraquecendo assim a representação dos partidos.

PS – O acontecimento mais significativo desta semana de fins de agosto de 2017,  foi, sem dúvida, os dias de chuva que já tivemos e que permite ver o mapa dos fogos florestais (fogos.pt) com muita cor verde e quase nenhuma vermelha.

 

 

 

Autor: António Cândido de Oliveira
DM

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31 agosto 2017