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Onde estão os eleitores do ex-presidente da CMB e do PS?!

É caso para perguntar: onde estão os eleitores indefectíveis de Mesquita Machado e do PS?

Onde estão? Onde estão os socialistas que estavam sempre prontos a darem a cara pelo seu líder? Onde estão? Onde estão os bajuladores que estendiam o tapete vermelho de forma reverencial para o seu chefe passar pavoneado e de charuto na boca? Onde estão? Onde estão os jornalistas e os comentadores políticos da cidade que não poupavam os mais rasgados e sentidos encómios ao autarca modelar e à sua super gestão? Onde estão? Onde estão os presidentes de Junta, secretários da Junta, tesoureiros da Junta, membros das Assembleias de freguesia, deputados municipais que viam em Mesquita Machado como o “querido líder” na terra dos brácaros?

Onde estão? Onde estão os empreiteiros das megalomanias mesquitistas? Onde estão? Onde estão os eleitores socialistas que durante 37 anos souberam votar com sapiência no político que mudou estruturalmente a cidade, guindou o Sporting de Braga aos lugares cimeiros do futebol nacional, figura incontornável das freguesias, o magnânimo que deu emprego a centenas e centenas de pessoas na Câmara Municipal? Onde estão? Desertaram? Foram engrossar as hostes da Coligação? Muitos desapareceram comodamente de cena; outros já mudaram de indumentária e lá vão servir o novo senhor da cidade, fazendo de conta que não há memória, nem um passado comprometedor. Triste política local é esta! 

2 – Dá pena ver o estado anímico da oposição, particularmente da oposição socialista. Bastou um mandato para a “má poeira” assentar e poder observar-se os bolores que se formaram no fundo da política local. Quem diria que depois de 37 anos de poder praticamente absoluto, o PS caísse nesta degradação social, neste marasmo político e nesta luta encarniçada entre pares. Como se pode depreender, é facílimo andar na órbita do poder, bajular e aproveitar-se das suas mordomias. Basta ter pouca vergonha, muito descaramento e uma boa cara de pau. Depois, assobiar para o lado, fazendo de conta que não foi nada connosco, que nunca votei em tal criatura ou que um familiar meu fosse um dos beneficiados do Estado clientelar criado, desenvolvido e consumado pela nomenclatura socialista. O caso dos três “fidelíssimos” presidentes de Junta é paradigmático. Simplesmente, lamentável e um engulho para a democracia. É vida!

3 – Dou particular relevo à atitude frontal tida pelo agora deputado e vereador Hugo Pires. Perante afirmações produzidas no jornal Expresso on-line pelo potencial candidato socialista à Câmara de Braga, este jovem político não se escondeu e saiu, de imediato, e na sua página do Facebook, em defesa de Mesquita Machado, classificando o autor das declarações como alguém com “mediocridade de ideias, pequenez de espírito e de falta de elevação moral”. Não se escusou também de classificar a entrevista como “desajustada no tempo e no modo, que não tem como objectivo agregar e somar apoios para um candidatura de futuro, mas sim, fazer um ajuste de contas com o PS”. Isto quer dizer que Hugo Pires assume por inteiro o passado, bom e mau.

Mesquita Machado cometeu erros e erros clamorosos, é verdade. Porém, continuo a pensar que a gratidão, um sentimento elevado e profundamente humano, tem sido espezinhada da forma mais grosseira e irracional por aqueles que, durante anos, se saciaram na mesa do poder e que agora se esquecem de quem lhes deu o prato para comer e cheio de bom manjar. Infelizmente, casos de ingratidão vão surgindo nesta democracia dos interesses e das oligarquias com toda a normalidade do mundo. É isto que descredibiliza a política e as próprias relações institucionais.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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4 maio 2017