1.Todos os conflitos se podem resolver à mesa de negociações). Por mim, faço questão, era assim que deveria ser. Não há nada que não possa ser resolvido consensual e pacificamente. Na condição, é claro, de as duas, 3 ou 4 (ou mais) partes, discutirem com inteligência, cultura, bom senso e boa-fé. Faltando, contudo, a alguns dos litigantes estes requisitos mais ou menos básicos, é que a coisa se pode complicar. E infelizmente, complica-se com frequência. Quando a negociação é tida, por alguma das partes, por impossível, acontece não poucas vezes alguém partir para a violência. Esta surge até, mais raramente, à própria mesa das negociações. Um exemplo caricato (mas histórico) disto, aconteceu há 101 anos atrás. Foi nas difíceis negociações que antecederam o tratado de paz de Brest-Litovsk, o qual, em 1918 permitiu à Alemanha Imperial (tão diferente do cruzado, confuso e timorato rebanho que por lá hoje pasta) anexar da recém-nascida União Soviética, vastas porções do que é hoje Polónia (toda, aliás), Ucrânia, Países Bálticos e da própria Rússia. Trotski procurava então todos os expedientes para retardar as conclusões; e a certa altura, o gordo, baixote, escanhoado e notável estratega que foi o gen. Max Hoffmann (1869-1927) perdeu a paciência e virou de pernas para o ar a mesa de negociações. Foi uma dessas (algo raras, é certo) manifestações do tal “Wut” (fúria), que caracteriza os não agressivos mas perigosamente reactivos povos do centro, norte e leste da Europa. “Guardai-vos da ira do homem pacífico!”, avisava o notável poeta e crítico inglês John Dryden (1631-1700), um convertido ao catolicismo desde 1682.
2.Compressão, opressão, explosão). Experimentem apertar com as duas mãos um qualquer balão cheio de ar. O normal é que, a certa altura o balão rebente, pois não aguenta a pressão sobre ele feita. “Que disparate”, dirão alguns, “então este burro não sabe que uma boa bola de futebol anda 90 ou 120 minutos a levar pontapés (alguns bem fortes), aguenta “na maior” e nunca “rebenta”? A esses respondo eu, que experimentem trilhar essa bola entre duas superfícies rígidas e apertá-la com a pressão de umas centenas de kilos… A certas pressões, até uma bola de ferro rebentará. É o factor dito da “resistência dos materiais”. Compressão-explosão. É assim que funcionam, aliás, os motores a “diesel” ou a gasolina.
3.O mesmo princípio se pode aplicar às sociedades humanas). Assim é. Independentemente de viverem num Regime democrático ou ditatorial, as pessoas comuns estão habituadas a ser mal governadas, injustiçadas, oprimidas (umas mais que outras, já se sabe…). Se quem governa, não exagera na pressão, o cidadão oprimido decide que, ainda assim, o melhor é aguentar. Queixa-se, resmunga, mas não se revolta. As coisas porém, já não acontecem assim se (normalmente por falta de jeito dos governantes) a pressão e os abusos se tornam insuportáveis.
4.O que se passa na França e na Venezuela?). O Regime chavista da Venezuela (que de início lembrava um peronismo um pouco mais à esquerda) começou bem; mas tantos boicotes sofreu (inclusive a desvalorização internacional do petróleo), que hoje, luta para sobreviver. Já em França, temos uma espécie rara de presidente de plástico, artificialmente criado, como que saído das trevas só para impedir a natural vitória eleitoral do patriótico partido de Marine Le Pen. É uma espécie de presidente que se tem na conta de “rei absoluto”. Que nem pestaneja, quando já vamos no 19.º (!) fim de semana de desordens e destruição por parte daqueles que se aproveitam das justas reivindicações da empobrecida classe média (ou burguesa), dos já célebres “gilets jaunes”. Deveria demitir-se e convocar eleições; mas isso, com uma prévia alteração constitucional que finalmente acabe com a treta das “eleições por círculos”; que nem por sombras reflectem o peso actual de cada partido. P. ex., Marine teve 32% de votos presidenciais, mas o seu partido (o RN) só elegeu 2 deputados… Na Inglaterra e EUA, o fraudulento método é aliás o mesmo.
5.O recente massacre do colégio, em São Paulo). Perpetrado por 2 jovens amigos (de 17 e 25 anos), ambos adeptos de video-jogos, teve lugar num colégio da grande S. Paulo, em Suzano. A motivação terá sido a radicalização política decorrente de o mais novo ter sido vítima de “bullying” por parte dos ex-colegas. Nas Democracias actuais prevalece a visão esquerdista e liberal de um ensino misto, prematuro (desde tenra idade, “roubando” as crianças às famílias), sem disciplina rígida, sem castigos físicos, com modelos culturais errados e privilegiando apenas a técnica, em vez do saber e da cultura geral.
6.O massacre sobre os muçulmanos de Christhurch). Um australiano pesadamente armado, atacou 2 mesquitas à 6.ª f.ª, na capital da Ilha Sul (ironicamente chamada de Christchurch, “igreja de Cristo”, replicando o nome de um dos colégios de Oxford, ideia dos mentores oitocentistas da colonização britânica da N. Zelândia, Godley e Wakefield). Mais de 50 mortos e o dobro de feridos. Opressão e explosão?) Há 50 anos atrás, a Austrália era um estado quase totalmente de extracção britânica. Hoje, nada disso. Os EUA, esses, desde 1960 admitiram 50 milhões de “latino-americanos”, hoje em parte conotados com a droga. A Grã-Bretanha venceu 2 guerras mundiais, mas logo nos anos 50 roubaram-lhe o Império todo e começaram a colonizar a sua fria e húmida ilha com asiáticos e africanos (6 milhões). Opressão e explosão? Pessoas como esse Trenton Tarrant não pensam de si mesmas que são “supremacistas” brancos; mas meramente “defensistas” brancos. Por mim, como disse no início, continuo ainda crente no método das negociações, sérias, respeitosas e esclarecidas. Ainda.
Autor: Eduardo Tomás Alves
O princípio físico da “compressão-explosão”
DM
2 abril 2019