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O outro terrorismo

Como que é praticamente silenciado pela generalidade da Comunicação Social. Refiro-me à perseguição de que, em vários pontos do globo, têm sido vítimas muitíssimos cristãos. Que repercussão teve e que comentários provocou, por exemplo, o ataque ocorrido no dia 26 de maio, no Egito, que provocou a morte de 28 cristãos coptas e o ferimento de 25?

2. Os cristãos são o grupo religioso mais perseguido do mundo, mas disso pouco se fala. Segundo a organização Open Doors (Portas Abertas) calcula-se em mais de cem milhões o número de cristãos que o ano passado foram perseguidos pela sua fé.

Os cristãos enfrentam restrições à liberdade religiosa e são vítimas de hostilidade em 111 países. À frente destes encontra-se a Coreia do Norte, onde se estima estarem presos pela fé entre 50.000 a 70.000 cristãos, que sofrem diariamente em campos de trabalhos forçados.

Na Síria, cidades que eram de maioria cristã tornaram-se cidades-fantasma.

No Afeganistão os cristãos são considerados inimigos do Estado.

No Paquistão todos os anos mais de 700 cristãs são sequestradas e forçadas a converterem-se ao Islão.

Na lista de mortes, a Síria é seguida pela Nigéria, o Paquistão e o Egito.

Em fins de 2013 os membros da Câmara dos Comuns, na Inglaterra, foram informados de que a cada 11 minutos um cristão era morto por causa da sua fé.

 3. As mortes são o exemplo mais extremo das perseguições.

Os cristãos enfrentam também ataques a igrejas e escolas, ataques sexuais, expulsões dos países, ameaças e outras formas de discriminação.

Tem havido igrejas e cemitérios profanados e Meios de Comunicação Social que não desperdiçam a mínima oportunidade para denegrir a Igreja Católica e os cristãos em geral.

4. Também entre nós há cristãos a quem se não respeita o direito à liberdade religiosa. Há vítimas de intolerância que não é denunciada. Há adolescentes e jovens que, nas escolas, são metidos a ridículo se disserem que frequentam a catequese, que se preparam para o Crisma, que na respetiva paróquia exercem o ministério de acólito.

Há quem ridicularize diversas manifestações cristãs, como ainda há pouco aconteceu a propósito do centenário das aparições de Fátima.

Quando, na Comunicação Social, se trata de comentar determinados acontecimentos escolhem-se a dedo os comentadores, pondo de lado os que se sabe irão apresentar-se como católicos praticantes e irem refletir sobre os factos numa perspetiva cristã.

5. A perseguição religiosa reveste-se de variadas formas. Nem sempre recorrem a métodos violentos. A zombaria e a marginalização são alguns dos métodos através das quais se exerce. A literatura cristã não tem idêntica divulgação à que hostiliza o cristianismo. Belíssimos escritores cristãos são postos de lado. Vejam, nos estabelecimentos de ensino, que livros são selecionados como de leitura obrigatória.

Também a existência destes factos devia ser denunciada pela Comunicação Social e também contra a sua existência se devia clamar constantemente, mas isso não convém à ideologia dominante. Daí, o silêncio que se lamenta.

6. A perseguição aos cristãos acontece porque se não respeita um dos direitos fundamentais da pessoa humana: o direito à liberdade religiosa. Invoca-se com frequência o respeito pelos diversos direitos humanos mas a violação destes é, muitas vezes, ignorada.

No entanto, importa repeti-lo, todas as pessoas têm direito a professar uma crença e a viver de harmonia com ela, em público e em privado, desde que não desrespeitem os legítimos direitos dos outros.

O Papa Francisco alertou, mais uma vez, em 29 de junho, para esta realidade: «Também hoje, disse, em várias partes do mundo, por vezes num clima de silêncio – e, não raro, um silêncio cúmplice –, muitos cristãos são marginalizados, caluniados, discriminados, vítimas de violências mesmo mortais, e não raro sem o devido empenho de quem poderia fazer respeitar os seus direitos sagrados».

 

Autor: Silva Araújo
DM

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6 julho 2017