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O Lado negro da conduta Moral

Ao ler, no “Diário do Minho” de 23/5/18, o excelente artigo de Dinis Salgado, confesso-me, orgulhosamente, seu apoiante, ao considerar também e como muito bem o afirma, “o voto como uma arma de protesto, de contestação e de desprezo” contra toda e qualquer atitude de corrupção. A corrupção é uma prática hedionda, reveladora de um estado patológico e desconexo da consciência do indivíduo ou da pessoa. É incentivadora do indivíduo e da pessoa, a emissária do ôntico ser humano, para a prática do mal e incentivadora apaixonada do gozo do prazer. Sem estar com a aflitiva preocupação de esmiuçar o conceito e o exercício da prática da corrupção, sobretudo pelos poderes político e económico, vou, simplesmente, afirmar que ela é a transformação do homem, que deve ser livre, autónomo e responsável, em objeto pronto para satisfazer, cabalmente, as motivações do seu poder, do seu prestígio e do seu domínio, dentro e fora de toda a família política ou social. O nosso insigne jornalista, Dinis Salgado, caraterizou, e muito bem, o voto “como uma arma de protesto, de contestação e de desprezo” como possível aniquiladora de toda a atitude de corrupção da conduta moral de todo o indivíduo por ela responsável. Não vou pôr nenhuma objeção ao êxito do voto, pois ele, em verdade, é a grande força capaz de lutar contra a corrupção. Contudo, vou simplesmente acrescentar que, para tal, deve expressar radicalmente a onticidade do natural ser da nossa natureza humana nas suas fundamentais extensões: - A transcendentalidade, que envolve, através da superação, a sua união consciente e afetiva com o Ser Transcendente, que é Deus; - A unicidade, que envolve toda a superação da fragmentação, do isolamento, da rotura; - As relações de Bem, que envolvem os relacionamentos de verdade, de justiça, de luz, amor, perdão, compreensão, aceitação, fraternidade, solidariedade... Durante todo o percurso desta existencial vida, uma coisa que a pessoa, a emissária do ôntico ser humano, como autónoma, deve evitar, é o estabelecimento do domínio da competição de todas as nossas estruturas existenciais sobre as nossas estruturas transcendentais, bem como o estabelecimento do domínio dos fatores económicos sobre o fator Transcendente, a fim de evitar que a democracia caia no pântano da corrupção. Os políticos, os sociólogos, religiosos…, se querem enfrentar, concreta e ajustadamente, os graves problemas que a humanidade enfrenta, e saírem dos contentores podres e mal cheirosos da existência, devem cultivar a educação proposta pelos imperativos do ôntico ser, imanentes à natureza humana. Deixem-se de tretas, de vaidades e de presunçosas dialéticas. Nota da Direção: Este artigo foi enviado para o Diário do Minho pelos familiares do Dr. Benjamim Araújo antes do seu falecimento. Publicamo-lo com autorização da família.
Autor: BENJAMIM ARAÚJO
DM

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1 agosto 2018