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O jogo da VIDA - de todos e de cada um

Em ano de europeu de futebol com os campeonatos a terminarem mais cedo, estes dois próximos meses teriam inúmeros jogos considerados, de “vida ou de morte”. No entanto, com o Europeu adiado, ao invés da falta de jogos acabamos por ter um Mundial antecipado com jogos de vida ou de morte, diariamente, sem dias de descanso e em que todas as seleções, em vez de se defrontarem e eliminarem em fases de grupos, se ajudam, mutuamente, contra um adversário comum. Os “jogos” acontecem fora dos estádios, nas casas de cada um, no local de trabalho, nas ruas, nos lares e nos hospitais. Apoiamos as seleções de todo o mundo e emocionamo-nos e choramos com as derrotas, independentemente da nacionalidade. O lema dos mosqueteiros “um por todos e todos por um” vive-se agora na vida real, em que, cada um que fique em casa, o faz por todos, enquanto médicos, enfermeiros, bombeiros e auxiliares, tentam salvar…um de cada vez.

Hoje, e nos próximos tempos, as equipas que importam não vestem equipamentos de diferentes marcas desportivas, mas sim roupas normais, com fardas e, se possível, máscaras protetoras e luvas. Todos reconhecemos os seus ENORMES “atletas” em hospitais, lares, farmácias, pavilhões readaptados, escolas, supermercados (grandes e pequenos), quartéis (bombeiros/psp/gnr/militares), bombas de gasolina, imprensa, quiosques, fábricas, padarias, restaurantes (take away) e em autocarros ou camiões, a transportarem pessoas ou materiais de 1ª necessidade…

À maioria de nós, a exemplo do que acontece nos jogos, pedem que nos sentemos - não nas bancadas de estádios e/ou pavilhões – em casa, evitando contaminar ou ser contaminados, e ouçamos atentamente os relatos (e sugestões) daqueles que jogam diariamente a (própria) vida e a dos que lhes são mais próximos, na tentativa de salvar...muitos outros.

Este Mundial a que ninguém queria assistir, mas de que todos fazemos parte, também tem equipas organizadas em diferentes sistemas táticos. Sendo o adversário o mesmo, a maioria das seleções europeias, aprendendo com asiáticos que já o defrontaram e parecem ter vencido, optam por se resguardar tentando não sofrer “goleadas” nas 1ªs partes para depois paulatinamente, embora com “derrotas” (mortes) impossíveis de evitar, conseguirem a vitória final - poder voltar a um estilo de vida (quase) normal.

Os EUA, liderados por um treinador que deste jogo parece perceber pouco, só depois de sofrer golos em catadupa parece ter acordado para a realidade e começa a solicitar aos seus jogadores que se resguardem.

O treinador dos nossos irmãos brasileiros - que no futebol sempre acreditaram não ter nada a aprender com ninguém - continua a jogar, como sempre, independentemente dos golos sofridos e sem mostrar querer aprender. Acredito que Jorge Jesus conseguiria melhores resultados.

Por cá, a vitória sobre este temível adversário, só me dará prazer acrescido se, no final da competição, continuarmos com falta de vagas nos lares da 3ª idade.

Caro leitor, cuide-se e, podendo, fique em casa.


Autor: Carlos Mangas
DM

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3 abril 2020