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O “fluminense”, o malabar e o covilhanense

  1. Um longo impasse, na espera por eleições de resultado duvidoso).A actual situação política portuguesa assemelha-se a um desagradável impasse, a um “stalemate”, a um 2.º “pântano”. É que, para “árbitro” o povo elegeu um PR pacificador, de coloração algo demagógica e estruturalmente de matriz calculista. Dentro do PSD, Passos Coelho caiu, apesar de ter ganho as eleições para a AR por 6%; e caiu por força de uma coligação negativa inédita, não prevista nem anunciada, das 3 principais forças parlamentares de esquerda, comandadas por Antº Costa (que acabara de “roubar” o lugar ao seu chefe, José Seguro). Inesperadamente, o PSD (vá-se lá saber como…) elegeu outro “pacificador”, Rui Rio. Em vez de escolher o mais aguerrido dr. Santana Lopes. Ora Rio andou “desaparecido” vários anos, após a sua saída da Câmara do Porto; não é deputado; aceitou durante os longos 4 anos do Resgate, ser oposição às políticas do seu próprio partido; sempre se deu bem com Costa (na vã esperança de que este, imagine-se, o haverá de recompensar um dia…); mal foi eleito, logo foi a Lisboa cumprimentar (felicitar?) Costa. A oposição que faz ao governo de Costa é, digamos, até ao momento “super-mansinha”. De forma que, o PS tem fortes chances de vencer as próximas eleições nacionais; uma vez que boa parte do nosso povo nunca percebeu bem que foi Sócrates e o seu PS (cujos principais ministros voltaram agora ao poder) que nos levou à bancarrota de 2011. E que foi o PSD que nos tirou dela. A principal hipótese de Costa vir a perder, reside no facto de que o povo se farta normalmente de ser governado pelos mesmos; e anseia por “caras novas”, que interrompam a modorra da Política. Não terão lugar, parece, é maiorias absolutas para ninguém. Facto que, obviamente, deleitará Marcelo, porque lhe dará mais força… Porém, de momento, os 3 principais actores são Rio, Costa e Marcelo. E talvez por esta ordem…

  2. Rio, o fluminense).Em Portugal, normalmente, quem tem o apelido “Rio” é porque teve um antepassado que morava perto dum rio (o mesmo se diga do mais comum, “Ribeiro”). Dado que Rui Rio tem raízes em parte vianenses, o rio em questão deverá ser o Lima. Contudo, o apelido Rio também poderá, em vez disso, ser relativo à emigração para o Rio de Janeiro, de algum antepassado mais antigo. A este propósito, as minhas várias tias-avós “do Porto” referiam-se ao avô delas, o ilustre José Joaquim Godinho (1836-85) como o “avô do Rio”, pois viveu no Rio, embora nascido em Oliveira de Azeméis. O qual casou no Brasil com a filha fluminense (da Candelária) do famalicense (de Outiz) João Nepomuceno de Sousa, meu tataravô. Nessa medida sou, com muito orgulho e algum sentimento, um outro “menino do Rio” e o meu clube na cidade, é o Vasco da Gama. Os locais adoptaram para eles a designação culta de “fluminenses”, pois “rio”, em latim dizia-se “flumen”. Voltando porém, ao economista Rui Rio, há que admitir que é alguém que dá de si próprio a imagem de competente e de sério (lembre-se o seu velho conflito com o tirsense Pinto da Costa, a propósito do PDM). Porém, em parte por causa deste conflito, nunca teve grandes dotes de comunicador. Pior que isso, os seus mais próximos não serão de todo, as figuras mais populares do PSD: Álvaro Amaro e Arlindo Cunha foram, desde os anos 80, dos maiores adeptos da eucaliptização do país; Elina Fraga passa por grande amiga de Sócrates e de Marinho Pinto; Morais Sarmento disse que poderia até votar no PS se Santana ganhasse; Castro Almeida é demasiado reservado; Salvador Malheiro, demasiado extrovertido; J. Silvano, talvez demasiado provinciano. O “outro PSD”, o melhor, ficou todo de fora: Hugo Soares, Marco António, Abreu Amorim, Montenegro…

  1. António Costa, o malabar). A velha e bela Goa, pátria indiana do pai de Antº Costa, fica situada no norte da costa do Malabar. Por alguma razão, no passado, os naturais do Malabar (“malabaristas”) ficaram associados à ideia de “ilusionismo”. Não foi porém, devido a qualquer brilhante ilusionismo que o dr. Costa foi trepando na política. Os seus “golpes” foram demasiados transparentes. O apoio da vertente mais importante da política, em Democracia (que é a secreta), é que nunca lhe faltou. Leia-se a sua elucidativa biografia (por BERNARDO FERRÃO). Quem deu por ela, que o goês dr. Costa, já em 2004 (aos 43 anos) era um dos vice-presidentes do Parlamento Europeu? “Malabarismo”? Não. “Amiguismo” e calculismo, com certeza. Como disse atrás, tirou o lugar a um José Seguro que venceria com facilidade o PSD-CDS nas eleições. Costa perdeu. E para não ser corrido, aliou-se, sem nunca ter avisado, ao PCP e ao BE. O ano passado, Portugal ardeu quase todo e morreram 120 pessoas. Costa prendeu as quadrilhas de incendiários? Nem uma. Faz é os inocentes proprietários gastarem milhares de euros a cortar o mato; o qual, daqui a meses está todo aí outra vez. Se isto é “malabarismo”, vou aí e já volto… Aproveitamento da credulidade das pessoas, é o que é.

  2. Da Covilhã, uns gostam e outros não).O pai e a mãe de Sócrates (que nasceu no Porto) eram ambos de Vilar de Maçada (conc. de Alijó, distrº de Vila Real). A Covilhã, onde viveu depois dos 4 anos, era porém a terra donde Sócrates, por gostar dela, se dizia natural. O actual PR, o prof. Marcelo, sempre destacou as origens celoricenses, minhotas (da parte do seu ilustre pai, o ministro e governador salazarista Baltazar R. Sousa); em detrimento das origens covilhanenses maternas (cf. a sua biografia, por VÍTOR MATOS). Talvez haja aí algum remorso, pois bem antes de 1974, já Marcelo era oposicionista ao Regime que seu pai defendia. Para quem não saiba, contudo, o prof. Marcelo “tem uma estrelinha qualquer” a dar-lhe sorte (além de ser desses Duartes, da serra da Estrela). E está neste Mundo por um milagre de Deus. É que sua querida mãe nasceu, embora a avó tivesse morrido no parto. E ao nascer já era órfã de pai, falecido poucos meses antes. Foi um tio, o algo polémico padre Duarte, que a levou para Lisboa, onde viria a casar com o futuro ministro.


Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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7 agosto 2018