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O encanto falacioso da hipereducação

Com efeito, a hipereducação consiste na obsessão em adiantar as etapas cognitivas e afetivas da criança para que seja uma “supercriança”. Consiste, pois, em transformar os objetivos de vida da criança numa autêntica corrida de estafetas. Estas situações discrepantes nas fases da aprendizagem não são tão raras como pode parecer.

Há alguns anos atrás, certos pais fizeram uma festa de aniversário de um seu filho (oito anos de idade), convidando os colegas de turma. Até aqui tudo bem e normal. O insólito está no convidado especial incumbido de realizar experiências em química: um professor catedrático...! Um dos pais presentes comentou: “Os palhaços já saíram de moda…”!

Até onde estão dispostos a ir certos pais para que os seus filhos se valorizem? Quantos pais caem na perigosa armadilha da tentação de querer ter um novo Einstein?     

2 – A educação correta não se compadece com uma congestão quantitativa de estímulos ou objetivos e, muito menos, em tempo prematuro.

Segundo a opinião da maioria dos especialistas é por volta dos seis anos que tem início o momento em que a criança tem a maturidade intelectual adequada e necessária para começar a aprendizagem formal (ler, escrever, etc.). Quando adiantamos etapas, colocamo-la perante uma situação de frustração que poderá repercutir-se na sua auto-estima e criar uma espiral de fracasso capaz de afetar o desenvolvimento futuro da aprendizagem.

Por exemplo, na Espanha dedica-se (já a partir dos três anos) uma grande parte do dia para a docência em período integral, acrescida de uma quantidade significativa de deveres para casa. Já na Finlândia esse período de permanência na escola é muito menor e, em princípio, sem deveres para casa. Na Espanha, os alunos começam a aprender a ler e a escrever aos três ou quatro anos, enquanto na Finlândia apenas começam por volta dos sete anos.

Nos relatórios Pisa mais recentes, a Finlândia estava no topo, enquanto a Espanha se quedava pelo último lugar. Além disso, a maioria dos países que lideram anualmente o relatório Pisa são aqueles em que as crianças são escolarizadas mais tarde e começam a aprender a ler e a escrever a partir dos seis ou sete anos.

A Espanha é o terceiro país do mundo onde se prescrevem mais receitas de psicofármacos para menores. Não é com mais estímulos que se conseguem melhores resultados escolares, nem se proporciona uma aprendizagem consentânea com o desenvolvimento da natureza humana.


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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10 agosto 2017