ODiário do Minho (DM), jornal de inspiração cristã, foi fundado em 15 de abril de 1919, num contexto muito desfavorável para a Igreja católica. O regime republicano da altura tinha como ponto fulcral o combate à influência religiosa na vida social, com manifestações violentas contra clericalismo, ou seja, a influência do clero na vida pública e, dum modo especial, contra os jesuítas, considerados os maiores responsáveis dos “defeitos” nacionais, reclamando a proibição absoluta das ordens e congregações religiosas.
Ao quadro legal de imprensa da altura, associava-se um acentuado progresso técnico do sistema de impressão dos jornais, com o emergir da linotipia e das rotativas, causando o aparecimento de uma verdadeira aluvião de jornais políticos, de inspiração cristã e noticiosos.
Apesar deste condicionalismo, a linha editorial do Diário do Minho sempre soube adotar uma atitude de construção positiva e de reflexão crítica perante os acontecimentos, norteando-se por valores cristãos.
Quando hoje se apontam como caraterísticas particulares do estilo jornalístico a simplicidade, a concisão (dizer o máximo no menor número de palavras) e a vivacidade (captar o sentido humano da realidade) esses atributos encontram-se nas crónicas do DM. Assim como a qualidade, atualidade e diversidade, aliadas ao elevado prestígio de todos os autores que colaboraram com DM, tornaram-se uma referência nas temáticas abordadas.
Merece também destaque a Secção Cultural, publicada às quartas feiras, cujos textos tem merecido da parte dos leitores considerável acolhimento, sendo que alguns deles adquirem o jornal para guardar os textos aí publicados. É que a cultura, sendo um processo de aproximação valorativa, aperfeiçoa o próprio ser humano.
Atendendo a que os tempos não tem sido nada favoraveis à imprensa escrita, o DM soube adaptar-se às novas tecnologias de comunicação, publicando-se também em forma digital.
Tudo isto justifica o facto de, atualmente, o DM liderar a imprensa regional, sendo o jornal mais lido do Distrito de Braga. Com as novas instalações, inauguradas em abril de 2017, a Arquidiocese deu um novo impulso ao jornal, contando com o trabalho excelente, tanto de jornalistas, como de briosos trabalhadores da Gráfica e da parte administrativo, como pude verificar nas várias ocasiões em que tive necessidade de recorrer à Gráfica, para publicação dos meus livros. O jornalismo, como serviço público que é, deve possuir aquela dose indispensável de virtudes sociais que lhe permitam ter, na sociedade, um papel simultaneamente crítico e construtivo. E os “media” devem funcionar como um dos contrapesos que equilibram o sistema político, em complemento do poder legislativo, executivo e judicial, desempenhando um papel importante na evolução das mentalidades, das culturas e na correção de comportamentos desviantes na atividade política.
Uma vez que estamos na presença de um jornal de inspiração cristã, dir-se-á que os textos sagrados dão uma orientação precisa à comunicação social e aos jornalistas, para o exercício da sua nobre missão de informar com verdade:
“Sobe a um monte alto, arauto de Sião.
Grita com voz forte, arauto de Jerusalém;
Levanta a voz, sem receio, e diz às sociedades de Judá:
Aí está o Vosso Deus “ (Isaías, 40,9)
* * *
“Ninguém acende uma candeia para cobrir com um vaso
ou para a esconder debaixo da cama; mas coloca-a no candelabro,
para que vejam a luz aqueles que entram. Porque não há coisa
oculta que não venha a manifestar-se, nem escondida que não se saiba
e venha à luz” (Lc 8,16-17).
Perante uma imprensa cada vez mais sensacionalista, espera-se que o DM, com base em fontes de informação fidedignas, continue no caminho de uma informação séria, verdadeira e objetiva, contribuindo para uma correta formação da opinião pública.
PS. Parabéns e um abraço a D. Jorge Ortiga pelo seu apoio ao jornal, bem como ao seu Diretor, Damião A. Gonçalves Pereira, pelo êxito à frente do Diário do Minho.
Parabéns ao Diário do Minho pelos seus 100 anos de existência e um bem haja a todos os seus leitores, pela sua quota parte, no sucesso do jornal.
Autor: Narciso Machado
O centenário do Diário do Minho
DM
15 abril 2019