Caminho foi percorrido, mas ainda há muito a fazer nos “ideais de Abril” nos níveis económico, social, político, cultural e mental em termos da “Revolução dos Cravos” de 25/4/74 e da Constituição de 25/4/76. Sendo certo que já foi objecto de 7 Revisões. Vejamos. Pense-se no cancro da lentidão da Justiça, que é o mesmo que negação da Justiça. Ou nos tumores malignos da censura da liberdade de expressão. Olhe-se para o miserável salário mínimo praticado em Portugal, mas ainda pior no chamado “salário médio” que, com a “classe média”, estão em perigo de desaparecer. E quando desaparecerem já todas as pessoas que estudam a sério estas coisas sabem que virão os extremismos, como aliás já acontece.
Será a extrema esquerda ou a extrema direita a dar a resposta social que um certo bloco central tarda em perceber? A falta de incompatibilidade dos deputados e a sua própria escolha inquina a democracia. Os aparelhos tendem a escolher robôs ligadas aos lóbis não declarados para depois fazerem as chamadas leis de alfaiate à medida de interesses económicos e financeiros. Já viram a lista de bancos que operam em Portugal? Ninguém de bom senso não pode deixar de concordar com aquele que foi meu patrão durante quase 10 anos, o Sr. Engº Belmiro de Azevedo: “há bancos a mais em Portugal para um país de 11 milhões de habitantes”. Salvo se o objectivo é assaltar os dinheiros públicos. Em 7/3/19, o Jornal de Notícias informava “Fatura dos BES já custou mais de cinco mil milhões ao Estado e vai subir”.
Aos bancos já vai em mais de 17mil milhões (Público, 2/4).E os lesados do BES não fazem nada? Desejando paz e o amor ao próximo, é para nós um mistério! Considerando que há pessoas que perderam todas as economias duma vida de trabalho, alguns casos mais de 40 anos, com danos irreversíveis do ponto de vista físico e psiquiátrico, é caso para dizer “carrega Zé Povinho!”. Há poucos dias transmitia-me uma pessoa conhecida dos “Coletes Amarelos Franceses” “que estranham a excessiva passividade do Povo Português”. Lá acha-se que “o salário de €1.700 é miserável”, enquanto “em Portugal é aceitável ganhar cerca de €600 e ver todos os dias os salários médios a desaparecerem com a inflacção a subir de forma estrondosa nos preços praticados pelos próprios supermercados ao nível dos bens essenciais, mais água, luz, combustíveis, electricidade, habitação, concorrência com turistas muito mais abastados, tudo parecendo mais uma bomba-relógio ao retardador que acabará por explodir”.
Veja-se aliás o total desprezo que existe numa harmonia nacional nos salários de funcionários públicos e afins, onde se negoceia de modo assimétrico e estando a se caminhar para desequilíbrios perigosos entre militares, polícias, médicos e enfermeiros, professores e investigadores (no ensino superior são tratados já como parentes pobres apesar de trazerem uma riqueza incalculável). O caos aproxima-se. E salvo todo o respeito que tenho pelos meus amigos do CDS (ou do PSD, PS, CDU, BE, PAN etc.), não entendo como o CDS com políticas tipo “Cristas-Lei-do-Arrendamento” queria crescer como força política!
Como é possível que já tenha listas de candidatos a deputados fechadas com tanta antecedência em relação às eleições legislativas?! Onde está a democracia interna? Não deveria haver eleições primárias para escolher cada um? Ou estamos perante “a cartada feminina com pouco conteúdo, salvo a evocação de Nossa Senhora”? Ou em face dum zero à esquerda sem personalidade histórica que na primeira alegria salta para a Administração da GALP? Valha-nos um Nuno Melo ou o LP para conseguirmos perceber alguma coisa que talvez valha a pena. Talvez. E o PSD irá cair de novo no erro de escolher deputados de aparelho sem qualquer chance de compreender os novos movimentos de Justiça Económica, Ambiental e Contra a Corrupção? Pois se assim for, mais vale apostar em novos partidos e movimentos cívicos. A História não parou.
Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira
O 25 de Abril Ainda por Cumprir aos 45 Anos
DM
26 abril 2019