Portugal, pelo menos durante os tempos da monarquia, também os teve, Reis, que fizeram deste povo – que agora tirita e se esvai – gente apreciada: lutadores, descobridores, angariadores do bem nacional e dotados de seriedade e honra.
Os povos, é certo, sempre passaram por crises várias e em diversos tempos. Mas é verdade também, que nos tempos negativos de qualquer país surgiam sempre os tais grandes homens para colmatar as feridas ou anseios nacionais. Em Portugal, assim não aconteceu: a partir do início do século XX, passado, desmoronou-se, apagou-se de tal forma que nem nos bolsos o cotão se encontra: esvaziamo-nos e nunca mais tivemos cérebros capazes de enfrentar as crises e as assíduas injustiças, nem tão pouco governantes para fazerem, pelo menos, uma política de manutenção.
Desse modo, no início do século passado, tivemos a I República e conhece-se a anarquia política e económica em que nos afundaram, acompanhada de saques e de perseguições internas, que terminou em derrube total e, nunca tal escória (de então) foi julgada. Tivemos a II República, cega, isolada, esvaziante, sem alma e sem estratégias capazes de fazerem um Portugal próspero, justo e feliz. Finalmente vivemos na actual República, em crise selvagem há mais de quarenta anos: pedintes – sem direito a chapéu na cabeça, só na mão – resignados, desiludidos, enganados por bem-falantes, por caçadores de bons ordenados e de privilégios em qualquer instituição ou local, amantes do caviar, do charuto cubano e dos empregos para os amigos e grupos organizados.
Eles não governam. Agitam-se! Não acabam com os cancros nacionais, aumentam-nos; não acabam com a pobreza existente, pedem dinheiro emprestado; não diminuem a dívida ao estrangeiro, acrescentam-lhe mais dez mil milhões de euros gastos, só no ano de 2016; não investem e criam sistemas de políticas económicas e de impostos, que ossificam diariamente o comércio e a indústria; conhecem a dívida nacional a engordar a cada minuto, mas não se apressam a pagá-la ou até dizem que nos obrigaram a pedir dinheiro emprestado e que não é de pagar; falam em democracia pluralista e fazem-se governantes sustentados por ideologias não-democráticas que, ao pedido de perguntas pela oposição, respondem: “terá a resposta quando o diabo cá chegar” e, mais totalitariamente, afirmam: “O PSD é irrelevante e não conta para nada relativamente ao país”.
Agendam e passam a Lei uma carga fiscal insuportável, anunciam justiça social, sabem que o estrangeiro não nos acredita e, mesmo assim, os partidos vermelhões pedanteiam-se sem respeito algum pelo honrar dos compromissos nacionais; anunciam subida ao ordenado mínimo, reposição de salários então rapaceados e, os pensionistas do Estado, nem ainda hoje recebem a pensão que auferiam em 2010.
Eles não governam. Agitam-se na Assembleia da República; preocupam-se com a Trumpalhada Americana e agitam-se a favor da matança de indefesos e de idosos que, não tendo uma velhice feliz e condições económicas para vencerem a dor, receitam o aborto e a eutanásia como remédio e cura. Atacar os males que nos definham, não. Esperam por um cérebro que resolva e, entretanto, ficam-se pela agitação, contentando-se (estes políticos) em viver um dia de cada vez: sem programas económicos para o presente e futuro, queixando-se que somos um país dos países pobres do Sul da Europa e que os países do Norte têm de compreender e carregar-nos às costas.
Não será com este Governo pardo e de demagogia perigosa que a União Europeia vai compreender-nos. Este Governo e esta Europa caminham a preto e branco, onde o nevoeiro impera, as incertezas reinam, a democracia falha e onde os ditadores têm olhos de lince. Logo, não havendo urgentemente eleições legislativas para formar um Governo capaz em Portugal, poderão surgir os loiros Trumpistas ou os Trumpistas vermelhos que, por manobras ocultas, se agitarão nas cadeiras do poder.
(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico).
Autor: Artur Soares