Na semana em que se comemora a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus de Nazaré há obrigações a que nenhum cristão deve fugir, sobretudo, neste tempo de uma globalização sem rosto que esmaga os povos, os priva de liberdade e os conduz a uma massificação destruidora da essência humana.
Neste Mundo conturbado onde abundam focos de guerra e populações famintas sem o mínimo de condições para viver, há que rever os ensinamentos de Cristo e não temer revisitar as lições da Doutrina Social da Igreja.
Doutrina Social da Igreja que apesar da sua já longa história, por colocar o Homem no cerne de todas as medidas e como fim último dos seus objetivos, mantém uma grande atualidade por ser capaz de dar resposta às inquietações do tempo presente.
Na Semana Santa, muito particularmente, é dever de todo o cristão descobrir nas encíclicas papais o caminho que possa ajudar a transformar este Mundo tão cheio de injustiças e de desassossegos. Sem temor nem falsos preconceitos, é tempo de procurar soluções capazes de restituir a cada Homem a dignidade a que intrinsecamente tem direito.
A globalização trazida pelo aprofundamento internacional da integração económica, social, cultural e política não pode ser permanentemente tida como a grande responsável por todos os males do nosso tempo. Essa responsabilidade é, principalmente, das elites que detêm o poder, mas não deixa também de ser um pouco de cada um de nós.
Quem atualmente se interroga sobre as mais variadas circunstâncias que nos rodeiam? Quem dedica um pouco do seu tempo para refletir sobre as grandes questões da atualidade como o esgotamento dos recursos naturais, as grandes catástrofes naturais ou as alterações climáticas cada vez mais evidentes?
Não é verdade que há muita gente que inebriada pelo consumismo, tantas vezes inútil, abdica de princípios e valores ancestrais para perseguir uma vida de aparências, mas humanamente pueril e vazia? E quantas mais questões poderiam aqui ser formuladas sobre esta falta de cidadania ativa?
Pelo menos nesta época quaresmal, mais propícia ao recolhimento e à meditação, ousemos refletir com liberdade e com inteligência e, especialmente, incutidos do humanismo que muitas vezes falta nas decisões mais singelas. Se em consciência o fizermos, chegaremos à conclusão de que ninguém estará completamente isento de responsabilidade.
Nestes dias de abril, em que a cidade de Braga, com a autenticidade e o rigor a que sempre nos acostumou, com um programa multifacetado mas fundamentalmente religioso, vive intensamente as celebrações da Semana Santa, não há certamente melhor ambiente para aprofundar estas cogitações.
Refletir introspetivamente, sobre o nosso semelhante e, sobretudo, sobre o que é suscetível de influenciar o nosso futuro coletivo é um dever a que nenhum cristão deve fugir.
Em plena Semana Santa, quando o Diário do Minho (DM), jornal diário de inspiração cristã, completou no dia de ontem um século de história, brilhantemente resumida na crónica de António Brochado Pedras publicada na edição da passada sexta-feira, não será descabido exaltar o papel deste meio de comunicação social no panorama local, regional e nacional.
De facto, cem anos de um jornal diário, regionalista, patriota, católico, mas politicamente independente fazem do DM um feito de ímpar sucesso na imprensa diária em Portugal.
Neste primeiro dia do aguardado segundo centenário, não escondendo uma pontinha de orgulho por me considerar parte desta grande família do DM, renovo na pessoa do seu abnegado diretor, Damião Pereira, as minhas felicitações a quantos hoje fazem o jornal e presto a minha homenagem a todos os outros que lhe deram vida secular.
Autor: J. M. Gonçalves de Oliveira
Na Semana Santa!
DM
16 abril 2019