Pela primeira vez na história da cidade, Braga não lidera nem sequer acompanha as melhores práticas ao nível da mobilidade urbana. O resultado está à vista, como demonstraremos na série de três artigos, que hoje iniciamos com o transporte público.
Como vereador do Partido Socialista, tenho orgulho de ter sido uma gestão do PS a alargar a rede dos Transportes Urbanos de Braga a todo o concelho. Mas essa é uma conquista do passado. Agora, impõe-se dar o salto qualitativo, através de um sistema de transportes públicos em sítio próprio (o tão prometido BRT – Bus Rapid Transit), que garanta competitividade e rapidez, condição para se tornar a primeira escolha dos bracarenses nas suas deslocações. Ricardo Rio não foi capaz de executar este projeto, que ele próprio prometeu, e merecedor do apoio do Governo. Mas mais tarde ou mais cedo ele será realidade.
O edil também ainda não se compenetrou que é imperativo renovar e reforçar a frota dos TUB, presentemente com uma idade média na ordem dos 20 anos, o que é inadmissível. E neste, como em outros casos, não adianta desculpar-se com as costumeiras “pesadas heranças”, porque as renovações da frota deveriam ter acontecido ao longo destes últimos 7 anos. Há autocarros articulados com mais de 30 anos em linhas que ligam escolas e que frequentemente circulam sobrelotados. Colocar autocarros obsoletos a transportar o nosso futuro denota uma enorme irresponsabilidade!
Recentemente, e visando proceder a alguma renovação de frota, o presidente da Câmara fez a opção pela tração elétrica, tendo prometido adquirir 31 autocarros elétricos, numa operação que mereceu o apoio do Governo do Partido Socialista. Ficou-se, no entanto, por 13 unidades, já que a sua conhecida indecisão veio uma vez mais ao de cima ao “decretar” que as viaturas elétricas são uma tecnologia não testada. E foi assim que, de repente, primeiro optou por alugar, por 6 milhões de euros, autocarros não elétricos, mais tarde “trocados” por autocarros a gás, mas três anos volvidos ainda continuamos à espera. O que ocorreu entretanto foi a compra de autocarros diesel usados, 44 que tinham servido nos STCP, e mais cinco para viagens interurbanas.
O SchoolBus, criado para servir três escolas privadas e outras tantas públicas, e apresentado como grande inovação, é uma desnecessária duplicação já que os TUB ofereciam linhas a passar à porta da casa dos alunos e a servir as escolas.
Recorde-se ainda que Rio prometeu que os TUB iriam atravessar o Campus de Gualtar, para onde se deslocam 15 mil pessoas por dia, mas, mesmo suportada por estudos da própria UM que a justificam, a verdade é que a operação nunca se iniciou.
Também o transporte público para as freguesias com menor densidade populacional, outra das promessas desde 2014, ficou por executar.
Face a tão fraco empenho na resolução dos verdadeiros problemas que a mobilidade nos coloca, como pode Ricardo Rio, ambientalmente insustentável, “…abordar a estratégia de neutralidade carbónica de Braga até 2030 na Nordic Edge Expo…”? Só por mera propaganda.
Autor: Artur Feio
Mobilidade – Promessas que o vento levou (1)

DM
3 novembro 2020