twitter

Massacre de Pedrógão Grande

As tragédias humanas naturais ou artificiais têm que servir para algo, pois de contrário o absurdo da existência seria, mais do que insustentável, insuportável. A isto acresce um número incalculável de feridos, alguns graves, quer apenas do ponto de vista psicológico, quer duma perspectiva física. O cenário descrito mais parece duma guerra, do apocalipse. E não será mesmo uma guerra? Bem sabendo que o nosso ordenamento jurídico não o entende assim.

Não sou especialista nem de fogos, nem de florestas, nem de reordenamento urbano. Para isso vão falar com outro que com certeza obterão alguma resposta mais catedrática. Também não deixo de lembrar aqui o Arq.º Paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, agora com 95 anos, sem dúvida um génio premonitório destes temas. Lembra-me que a primeira vez que fui à Assembleia da República, muito criança, loiro e de caracóis, com a Sr.ª minha Mãe que o conhecia, o Deputado se virou para as galerias para nos cumprimentar, enfim, um homem nobre das causas ambientais, um daqueles monárquicos que representam bem um Portugal no seu melhor a nível mundial.

Fica já aqui a ideia: se construíram um Anjo da Guarda depois da tragédia de Entre-os-Rios (ponte que passei uns anos antes do acidente de carro com a Sr.ª minha Mãe que insistia em comprar os bolos das “cavacas” do outro lado; nunca mais me esqueço que conduzindo o meu Fiat Tipo olhei para o chão do tabuleiro da ponte e, vendo os buracos nos quais se via a água do rio, fiquei todo arrepiado e senti insegurança;

faz-me lembrar outra situação estranha que vivi, Deus deu-me uma memória assim: por volta de Maio de 2005, um polícia mata por acidente um segurança em frente à Embaixada de Londres em Lisboa, a pistola metralhadora disparou sozinha ao que parece; uns meses antes tinha passado lá a pé e estranhei que a arma do polícia não estivesse apontada para o chão ou para o ar, mesmo assim passei mas senti medo, enfim coincidências e meras intuições que valem o que valem, não desfazendo para nós crentes, a Fé e esperança no Anjo da Guarda).

Pois faça-se em Pedrógão Grande uma estátua a Ribeiro Telles e um Centro de Estudo com o seu testemunho e espólio profissional sobre ordenamento florestal, se o mesmo assim quiser, pois claro! Mas foi ao longo dos dias que fui ouvindo os mais variados disparates. “Se tens ouvidos ouve”, diz o Evangelho. Assim disse um “grande” jovem penalista logo no 1.º dia: “se a PJ disse que não há crime porque é que insistem?!”. Mas, pergunto eu, para que é que serve o inquérito que pode ter prazos bastante alargados?!

A investigação é que vai dizer se há crime ou não há crime! E depois se verá se será aplicável o art. 274º do Código Penal (Incêndio florestal) ou.... Outro absurdo: salvaguardando os desastres conexos com a circulação das estradas públicas, ou a guerra, é óbvio que uma estrada não pode arder porque por exemplo um bando de profundos incompetentes (depois se verá, se criminosos?) resolveu colocar eucaliptos a servirem de autênticas paredes da estrada!!!

Mas estão a gozar com o Povo português? O mais ignorante destas matérias logo vê que há aqui burrice ou ganância capitalista canibal da grossa. Não deveria existir ao lado das estradas uma faixa que não fosse inflamável? E como se pode andar para aí a vomitar eucaliptos, altamente inflamáveis e desertificadores, sem ao mesmo tempo não se limpar as matas? Algo vai muito mal, e há muitas décadas, no Reino de Portugal. E porque tanto tempo se recusou a ajuda dos militares? Quantas mais vítimas de incêndios é preciso para se reorganizar a floresta? Etc..

 


Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira
DM

DM

30 junho 2017