… Até ao momento. Na senda do excelente Ministro Prof. Doutor Mariano Gago, de quem era discípulo do Instituto Superior Técnico em Lisboa – igualmente propulsor fraterno do IPCA-Instituto Politécnico do Cávado e do Ave e também amigo saudoso Prof. Doutor João Baptista da Costa Carvalho, n/ex-Presidente, vivo nos nossos corações –, o Prof. Doutor Manuel Heitor tem sido um ultra competente Ministro. Não desconsiderando o facto de este artigo ser escrito em nosso nome pessoal, e mais próximos, e, portanto, respeitando algumas diferenças de opinião sobre certos assuntos entre Manuel Heitor e o Sindicato Nacional do Ensino Superior, cujas opiniões competem sobretudo à respectiva direcção colectiva. E não ao presidente singular, separado da direcção, note-se. Ainda agora, citamos, quando o Ministro Heitor é noticiado como estando a pressionar para que sejam abertos mais cursos e vagas em Medicina, a ser verdade, está a pressionar, e muito bem pressionado, para que seja ultrapassada uma falha muito grave e custosa em Portugal: a falta de médicos!!! Aliás, já denunciado por outros ao longo da História de Portugal de onde destacamos o Presidente Jorge Sampaio. Em 29/7/20, p.e., no Observador, “Manuel Heitor diz que vagas de Medicina são afetadas por ‘pressões corporativas’ ”. Aliás, veja-se o nosso artigo “Coronavírus e Declaração do Estado de Emergência: art. 19º da Constituição”, 20/3/20. Aí sugerimos que os recém-licenciados em medicina não deveriam poder de imediato emigrar, devendo assinar um contrato de fidelização por um número mínimo de anos com o seu país. Ou terem que voltar ao abrigo dum eventual serviço militar obrigatório. Não tem sentido o Estado investir milhões de euros nestes cidadãos, além do uso de todas as infra-estruturas nacionais, incluindo escolas, estradas, etc., e, depois, de imediato irem trabalhar para outros países, deixando inclusive concursos públicos com imensas vagas sem um único candidato: “Ainda nenhum médico se candidatou a trabalhar no Algarve durante o verão. A Administração Regional de Saúde (ARS) paga alojamento, ajudas de custo e deslocações, mas as 60 vagas abertas até final de setembro continuam por preencher” (!), Jornal de Notícias, 25/7/20. Natural de Lisboa, como o n/Pai, Heitor nasceu em 1958. É Doutorado pelo Imperial College de Londres em Engenharia Mecânica, 1985, tendo feito um pós-doutoramento da Universidade da Califórnia em 1986, San Diego. Prosseguiu uma carreira académica – porque há um Direito à Carreira! – no Instituto Superior Técnico de Lisboa, donde se destaca a investigação na Combustão Experimental. Catedrático, dirige o Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento, IN+, além da coordenação dos programas de Doutoramento. Foi Secretário de Estado da Ciência entre 2005 e 2001, tendo se envolvido no aumento do financiamento público e privado na Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Em 2011/12 foi Professor na Universidade de Harvard, EUA, lutando também contra a endogamia nas Universidades, sem prejuízo do direito à carreira profissional de cada um. É investigador Associado da Universidade do Texas, Austin, no Instituto IC2-Innovation, Creativity and Capital. Coordenou e fez uma série de conferências internacionais em políticas de inovação tecnológica. É co-Fundador da rede internacional “Globelics-the global network for the economics of learning, innovation, and competence building systems”. Está empenhado na rede europeia “step4EU, science, technology, education and policy for Europe” e no OIPG-Observatório Internacional de Políticas Globais para a Exploração do Atlântico. Em 2015 promoveu o Manifesto “O Conhecimento como Futuro” e a declaração “Knowledge as Our Common Future”. Manuel Heitor é contra a endogamia nas Universidades Portuguesas. Nunca se devendo esquecer que, como nos ensinou Edmund Husserl, “não existem ciências mais exactas do que as Ciências Humanas”.
Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira