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MAIS INFORMAÇÃO SOBRE O FUTURO: OBRIGAÇÃO DO GOVERNO

Creio que nenhum cidadão consciente desobedece às ordens restritivas que o actual governo do país tem tomado em relação à pandemia que nos invadiu de forma dura e imprevista. Acredita que é para o nosso bem, o bem de toda a sociedade portuguesa, que tem de se resguardar e não dar a mão ao vírus chinês. Os números, cada vez mais negros, não prometem uma paz para breve e não somos capazes de adivinhar com objectividade o que nos espera amanhã.

Não é fácil fazer previsões muito concretas, quando uma circunstância tão anormal domina o nosso ambiente. No entanto, viver uma incerteza constante e, ao que se supõe, cada vez mais assustadora, não se apresenta como uma solução nem um modo correcto de lidar com as exigências de todo o cidadão.

Por outras palavras, quem orienta politicamente o nosso país tem a obrigação de avisar todos os portugueses do que podem esperar em relação à sua vida, à sua segurança e ao seu trabalho. Entende-se que até agora o que nos comunicou seja muito sobre o momento e para o momento. O cidadão português é pacato e também obediente. Mas não se afigura correcto que este tipo de informações, cautelosas e sem dúvida necessárias, não sejam acompanhadas por outras que dêem uma ideia do que vai acontecer ao país e aos seus cidadãos dentro de alguns meses.

Não pode prever-se? Não há modos de o saber, ou, pelo menos, de fornecer alguns dados sobre a nossa situação num futuro mais ou menos próximo? Quem assume a responsabilidade política de governar não pode ignorar estas obrigações. Nem sequer confessar que tudo é imprevisível, pelo que o que deve fazer é atender ao presente e tentar dar solução aos problemas dolorosos do quotidiano. Pelos “media”, vamos sabendo que o desemprego aumentou brutalmente e que muitas empresas estão a fechar as suas portas, porque não conseguem subsistir economicamente às limitações a que o governo as obriga. Com isto, não queremos criticar o que os nossos dirigentes determinam perante a pandemia e as suas consequências.

A questão é diferente. Como qualquer português, não posso nem devo deixar de apoiar o que se faz pela saúde dos meus concidadãos, numa altura em que “todo o cuidado é pouco”, como se diz popularmente. Contudo, aguardo com natural interesse e curiosidade o que o governo tem preparado para resolver, tanto quanto for viável, os múltiplos problemas e carências de quem perdeu o seu emprego, de quem vai ficar em casa pela falência dos seus patrões, pelos despedimentos em massa que já estão a efectivar-se e que podem atingir muito mais portugueses dum momento para o outro.

Uma resposta de “não sei” revelaria incompetência, falta de previsão e até de consideração pelos cidadãos. Não prever o futuro não abona em favor de quem tem por obrigação assegurá-lo. E não falar sistematicamente destas questões, não elucidando as pessoas do que as espera, ou é inconsciência, ou então estar tão absorvido pelo que sucede no presente, que se sente incapaz de alvitrar qualquer juízo sobre os dias que se vão seguir.

Penso que já é altura de que o governo nos dê algumas previsões do que será o nosso país daqui a algum tempo. O que pensa fazer para atender às múltiplas necessidades e consequências que o desemprego provoca; o que pode e não pode a nossa economia resolver, como atalhar às necessidades da saúde pública, que, tendo em conta, principalmente, as boas vontades e dedicação competente dos seus profissionais, tem capacidade de solucionar, etc. Um silêncio sistemático sobre esta temática levanta muitas suspeições e, mais ainda, insegurança.


Autor: Pe. Rui Rosas da Silva
DM

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16 novembro 2020