«Que a Virgem nos ajude, escreve a terminar, a dizer o nosso «sim» à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação».
2. É mais que urgente anunciar Jesus aos homens de hoje. O Jesus dos Evangelhos. Anunciá-lo com a palavra e, sobretudo, com o testemunho de vida. Que nós, os cristãos, procuremos viver aquilo em que acreditamos. Que façamos do Evangelho vida. Que resistamos à tentação sedutora e insistente do «agora usa-se»; do «agora é assim». Usa-se, mas não se deve usar. É assim, mas não deve ser.
Numa sociedade que, a passos largos, se afasta do Evangelho e pretende apresentar Jesus como figura do passado, ao discípulo de Cristo exige-se a coerência e a coragem de ser diferente; de não ir por aí.
Se a vida dos que nos afirmamos cristãos se não distingue da vida dos descrentes, quem está errado somos nós. Somos nós que nos convertemos em sal que não salga, em luz que não ilumina, em fermento que não leveda. E somos nós quem, coerentemente, deve saber mudar.
3. Na referida mensagem o Papa fala no poder transformador do Evangelho, e isso deveria ser demonstrado com a vida dos crentes. «Por meio do Batismo, o Evangelho torna-se fonte de vida nova, liberta do domínio do pecado, iluminada e transformada pelo Espírito Santo; através da Confirmação, torna-se unção fortalecedora que, graças ao mesmo Espírito, indica caminhos e estratégias novas de testemunho e proximidade; e, mediante a Eucaristia, torna-se alimento do homem novo, «remédio de imortalidade» (Inácio de Antioquia, Epistula ad Ephesios, 20, 2)».
Uma Igreja que se acomoda; uma Igreja que se instala; uma Igreja que se cala perante o atropelo aos mais elementares direitos da pessoa humana; uma Igreja que se enconcha não é, de forma alguma, a Igreja de Jesus Cristo.
O Papa cita vários exemplos dessa força transformadora do Evangelho. Por isso lembra o que escreveu no n.º 49 de Evangelii Gaudium: «é preferível uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças».
4. É imperioso anunciar Jesus a muitos que o não conhecem. Aos de longe e aos de perto. Também aqui é terra de missão.
Talvez venha a propósito recordar o Velho do Restelo: «Deixas crescer às portas o inimigo, por ires buscar outro de tão longe». («Os Lusíadas», Canto IV,101)
Anunciar não apenas Jesus morto, mas Jesus morto e ressuscitado, certos de que o Mistério Pascal não termina no drama da Sexta-Feira Santa mas no Domingo de Ressurreição. Anunciar mais um cristianismo de vida do que de morte; mais um cristianismo de alegria do que de tristeza e de abatimento.
5. O Papa refere a necessidade de envolver os jovens na ação missionária da Igreja. Lembra ser-lhes destinada a próxima assembleia-geral ordinária do Sínodo dos Bispos.
Para o afastamento dos jovens da vida da Igreja alertou a Conferência Episcopal Portuguesa por ocasião da última visita Ad Limina.
Mas enquanto brincarmos às primeiras comunhões convertidas em espetáculo que, dada a desresponsabilização dos pais, para alguns meninos são as últimas; enquanto encararmos o Crisma como um carimbo na «cédula de vida cristã» que permite ser padrinho de batismo, sem a consciência plena do que isso significa…
Autor: Silva Araújo
Levar o Evangelho da vida

DM
12 outubro 2017