No fundo, o que a ilustre senadora disse corresponde, no essencial ao que muita gente – eu próprio incluído – em Portugal, na Europa e no mundo ocidental em geral pensa e tem escrito e falado sobre o mesmo tema. Porém, sem o vigor, o desassombro e a acutilância que marcaram a oportuna intervenção de Pauline Hanson.
E o que disse, então, esta senadora que mereça ser partilhado com os meus estimados leitores?
Entre muitas coisas que a cultura, o modo de vida e a ideologia dos muçulmanos que têm inundado a Austrália são incompatíveis com os deste país. E que, quem, como ela, pertence e ama a sua pátria, não pode trocar ou abandonar os valores que a enformam por causa da diversidade e da tolerância.
Reafirmou a sua crença na tolerância para com todos os que demandam o seu país, mas defendendo que quem o faz tem de devotar lealdade à nação acolhedora, obedecendo às suas leis e respeitando a sua cultura. E sugeriu o regresso à pátria de origem a quem assim se não quiser comportar.
Salientou, depois, que a Austrália é um país predominantemente cristão, para logo enfatizar que o Governo é laico, em obediência à Constituição que o proíbe de impor regras e ensinamentos religiosos.
E após sublinhar que “a separação da Igreja e do Estado se tornaram uma componente essencial do nosso modo de vida” (australiano) e que qualquer ameaça a essa separação é uma ameaça à liberdade do povo, disse, em contraponto, o que de todos é conhecido: que o Islão se descreve como uma teocracia; que não acredita em democracia, liberdade de expressão, liberdade de imprensa ou mesmo liberdade de reunião; que não separa a religião da política; e que é muito mais do que uma religião, pois regulamenta a vida social e doméstica dos muçulmanos, o seu sistema jurídico e a sua política.
Alertou também para as mudanças que se vêm operando em algumas regiões da Austrália, onde não há tolerância a outros estrangeiros, onde as leis são desrespeitadas e onde as prisões se tornaram fontes de recrutamento de radicais muçulmanos. E constatou aí a existência de um “comportamento anti-social crescente, alimentado por uma cultura machista e misógina”, para depois dar conta da dificuldade dos australianos em serem tolerantes e dar apoio aos bons muçulmanos, em virtude de não ser fácil nem rapidamente perceptível distinguir os bons dos maus muçulmanos, e se interrogar sobre quantas vidas poderão ser perdidas enquanto se tenta descobrir quem é bom e quem é mau.
Disse, ainda, que os muçulmanos querem ver a Lei Islâmica implantada na Austrália. Inicialmente, para os muçulmanos…e, depois, para todos. Num evidente conflito com o Estado laico australiano.
Não querendo alongar-me sobre o mais que muito bem foi dito pela referida senadora, recomendo vivamente a leitura integral e reflectida do seu discurso, que deve ser levado muito a sério antes que a tolerância, a democracia e a liberdade soçobrem às mãos daqueles que são acolhidos em nome desses valores civilizacionais que temos por fundamentais em qualquer Estado de Direito!
Autor: António Brochado Pedras