Com a maior parte das pessoas em confinamento a aguardar pelo fim da pandemia, que todos desejamos, começam a colocar-se questões pertinentes nos vários quadrantes da sociedade e a mais pertinente é “como vamos ficar depois disto?”. Igual? Melhor? Pior?
A indefinição e a incerteza são dois poderosos inimigos, por isso há que combatê-los. Se dificilmente poderemos calcular a data do terminus desta pandemia, facto que provoca uma enorme ansiedade, há indefinições que provocam incertezas que não estão ao nosso alcance resolvê-las.
Na qualidade de profissional da EF e do desporto, gostaria de colocar algumas dúvidas e incertezas que pairam em dois universos, com os quais me familiarizo. O universo escolar e o desportivo. Creio que se deverá falar no decisivo, no importante e no urgente. Se soubermos agora, tomar decisões, por mais difíceis e drásticas que elas possam parecer, certamente no futuro, quando esta crise pandémica passar, não nos esgotaremos a apagar pequenos e grandes fogos. Por outro lado se não se tomarem decisões agora, no futuro surgirão situações que vão necessitar de resoluções urgentes, e ao tornarem-se urgentes ganham importância e desgastam-nos em conflitos. No que ao universo escolar diz respeito creio que para a maioria dos estudantes o problema está resolvido, visto que havendo dois momentos avaliativos, não causará problemas de passagem de ano, exceto naturalmente para os alunos do secundário (11.º e 12.º anos), que terão de realizar exames nacionais para acesso ao ensino superior.
Penso que nestas circunstâncias só há dois caminhos a percorrer, que não geram grandes indefinições. Ou se protelam os exames para o mês de julho, caso as condições sanitárias venham a ser favoráveis, ou se permitiria que os alunos este ano ingressassem no ensino superior com as notas atribuídas até ao momento.
No meio destas duas decisões poderá haver quem se sinta injustiçado, mas esta deliberação seria para um ano excecional que não há lugar na história da nossa democracia. E quantas atividades já não se sentem injustiçadas? E a Restauração a Hotelaria e o Comércio? Poderia mencionar muitas outras mas seria fastidioso enumera-las, com consequências irreparáveis!.. Quanto aos alunos do ensino universitário creio que com as aulas à distância poder-se-á concluir o ano de forma pacífica, apesar dos muitos constrangimentos existentes.
Passando ao universo do desporto e às competições profissionais e nacionais a decisão mais drástica seria, este ser um ano zero, sem atribuição de títulos, subidas e descidas, com as implicações que isso iria provocar. Não quero ir tão longe, mas penso que também aqui poderemos diferenciar o universo dos escalões de formação e dos seniores.
Nos escalões de formação seria um ano zero e muitas federações já o decidiram. Nos seniores poderiam ser realizadas, quando possível, competições muito curtas, por exemplo a eliminar, para atribuição de títulos e saber quem subia e descia de divisão. Essas competições envolveriam apenas os clubes que estavam em condições de subir ou os clubes que não tendo já descido estavam em risco.
Acredito que haja outras soluções em cima da mesa. Não sei se estas são as melhores soluções, mas tenho a certeza que a indefinição causa incertezas e gerem ansiedade, algo que certamente não necessitamos nos tempos que correm. Mas pior que más decisões é a ausência delas!..
Autor: Luís Covas
Hora das decisões

DM
10 abril 2020