Hegel, um dos mais influentes filósofos da história da humanidade, disse um dia: “A História repete-se sempre, pelo menos duas vezes”.
Karl Marx, que nasceu quase meio século depois, entendeu complementá-la e acrescentou “...a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.” A que propósito esta introdução filosófica a um artigo de opinião que se quer desportivo, ligeiro e de leitura fácil?
Estando o futebol português a caminhar para o final da época, com a equipa que, de há uns meses a esta parte, melhor futebol pratica apenas em 4º lugar, importa tentar perceber o porquê, e, sem grande esforço, percebi que tal se deve a:
- Erros próprios, em terras do sado e contra dois dos que nos precedem na classificação; erros alheios, que impediram resultados diferentes, em jogos onde também perdemos pontos; ganhos impróprios, com diferentes adversários, dos clubes da capital que nos precedem na classificação.
Mas, será a história deste campeonato diferente de outras, menos recentes? Escrevendo crónicas de há uns anos a esta parte, fui ao “baú” para tentar perceber.
Em novembro de 2009, em defesa da aplicação das novas tecnologias ao futebol (vídeo árbitro), escrevi: “Mas porque motivo terão os árbitros de manter-se off-line, se há treinadores (JJ) que sentem orgulho em afirmar que estão sempre on-line?”
Em fevereiro de 2010, primeira época de Domingos Paciência, e a propósito da nossa liderança: “Quem será então o primeiro? Será o clube que em Vila do Conde viu o Senhor Lucílio Baptista (SLB) validar uma jogada faltosa e consequente golo ao João Tomás e que nos fez perder os dois primeiros pontos? Ou será aquele outro (mesmo) clube a quem castigaram (3) jogadores, baseados em imagens televisivas à boca do túnel, e cujas consequências ainda estão por apurar? Ou será antes, aquele (mesmo) a quem expulsaram um jogador com duplo amarelo seguido, e “inventaram” um penalti contra, logo aos 15 minutos de jogo, nesta 18ª jornada, mas que, mesmo assim, não impediram uma vitória por 3 - 1?”
Em abril de 2012, com Leonardo Jardim: “Resta-me acreditar que, estando tudo em aberto na liga portuguesa, os árbitros deste fim-de-semana tenham uma prestação condizente com as exigências de imparcialidade que a sua função exige, e que, quando se enganarem (a quem não acontece?) não seja sempre…contra (e a favor d)os mesmos.”
Vejam bem, como eu era ingénuo. Acreditava que o vídeo árbitro podia resolver problemas; que seria aceitável a nossa equipa liderar um campeonato; e que os árbitros tenderiam a ser imparciais. A insanidade mental fazia-me acreditar até, ser possível acontecer a mesma coisa repetidamente, e o nosso campeonato poder ter resultados diferentes.
Assim sendo, e a propósito da modalidade no país, eu complementaria as frases de Hegel e Marx, dizendo que a história do nosso futebol é um círculo vicioso ininterrupto, com inúmeras farsas, e farsantes, que se não levarmos para a comédia pode, um dia, transformar-se em tragédia.
Autor: Carlos Mangas