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Finalmente, o reconhecimento

Convém não esquecer que Portugal, por más políticas e por más decisões, ajoelhou-se pela terceira vez, perante os credores, o FMI e União Europeia. Convém recordar e ter sempre presente na memória o passado recente, para não cairmos mais nas tretas das fantasias do Estado Social, do aumento da despesa pública, dos serviços públicos e de todas as brincadeiras exigidas pelos tais partidos que são inimigos declarados da economia de mercado, do euro e dos valores europeus. A linha de fronteira para novo resgate é muito ténue. Basta uma pequena oscilação na estratégia europeia, relativamente à economia e às finanças, para que o caminho seguido pela geringonça se estreite e se torne completamente intransitável. 

Passos Coelho foi um homem de Estado. Teve coragem de resgatar o país da bancarrota socialista. Remou contra ventos e tempestades. Ventos vindos do interior da governação, bem materializada pela atitude incompreensível de Paulo Portas, o político da “demissão irrevogável” e contra tempestades desencadeadas por uma oposição maquiavélica, irresponsável e ideologicamente esfarrapada. Não vacilou perante as adversidades como outros fizeram. Não cedeu à demagogia, nem embarcou no jogo das facilidades e da distribuição gratuita dos parcos recursos financeiros à procura de popularidade e de votos. Governou numa situação tremendamente difícil e complicada. Recebeu como má herança, um país descrente, com as centrais sindicais a provocarem grandes burburinhos sociais e laborais e a desencadear um surto de greves para paralisarem o país.

Recebeu dos socialistas uma recessão económica de -3% do PIB, um empréstimo financeiro de 78 mil milhões de euros, um défice público de 11,2%, uma taxa de desemprego a rondar os 18% e os jovens a fugirem do país aos magotes. Mesmo assim, e ao fim de quatro anos, deixou como herança o país a financiar-se nos mercados com juros decentes, um défice de 2,98%, um crescimento económico com a marca excelente de 1,6% e uma taxa de desemprego a conhecer novos mínimos. Apesar de toda a austeridade aplicada e do trabalho sujo da oposição, ganhou as eleições legislativas com categoria.

Os derrotados despeitados pelo desaire eleitoral, associaram-se numa coligação negativa, contra natura e contra todas as tradições democráticas, formando uma geringonça que vai funcionando muito à custa do trabalho excelentemente feito pelo anterior governo e pelo medo dos partidos esquerdizantes se tornarem irrelevantes a curto prazo como tem acontecido por esta Europa fora.   

O que fez o governo minoritário de Costa para ter os tais bons resultados na economia? Poucochinho! Foi a reposição salarial aos funcionários públicos que ganhavam mais de 1500 euros e o aumento miserável das pensões de 3 e 4 euros que fizeram espoletar o crescimento económico? Nem pensar! Este é um argumento no mínimo ridículo. Foi o excessivo optimismo de Costa coadjuvado por Marcelo que criaram as condições para haver sinais positivos na economia? Nem pensar! Foi a resolução bancária com todo o sarilho já conhecido que fez baixar o desemprego e criar mais confiança nos consumidores? Nem pensar! O governo de Costa não tem estratégia económica, nem tem força reformista. Limita-se a gerir a boa herança e nada mais. 

O busílis da questão está no contributo da comunicação social que empola os bons resultados e esconde informação menos favorável para o governo. Esta é a realidade do pós-verdade.

Como reflexão para o leitor mais atento: não esquecer que a base do modelo de governação de Costa/Centeno assentava no consumo interno. É isto o que tem acontecido na realidade? 

 

Autor: Armindo Oliveira
DM

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1 junho 2017