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Farmácia cada vez mais difícil…

Estima-se que em cada dez portugueses, um não tenha capacidade económica para comprar medicamentos. O alerta vem da bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, de acordo com o relatório Health at a Glance 2017da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Não é surpreendente constatar-se que 33% das farmácias de Braga se encontram numa situação de insolvência ou penhora, devido às grandes dificuldades de tesouraria para colmatar as despesas ou a manutenção logística dos produtos escoados.

O que sabemos é que a alternativa à indústria farmacêutica vai sendo progressivamente introduzida no hábito do consumidor mais informado das fórmulas de composição naturalista e menos química, ou seja, com menor toxicidade e efeitos colaterais da maioria dos medicamentos apresentados no mercado terapêutico.

As medicinas alternativas vão conquistando espaço à medicina convencional, com referência à homeopatia, originalmente certificada pelo seu criador Samuel Hahnemann, quando, em 1796, defendeu o conceito básico do principio similia similibus curantur (semelhante pelo semelhante se cura), ou seja, o tratamento dá-se a partir da diluição e dinamização da mesma substância que produz o sintoma num indivíduo saudável.

A homeopatia reconhece os sintomas como uma reação contra a doença. A doença seria uma perturbação da energia vital e a homeopatia provocaria o restabelecimento do equilíbrio.

Surreal, é a Medicina Familiar dar sinais ao Ministério da Saúde do grave problema económico dos utentes do SNS em adquirirem medicamentos e o ministro tutelar continuar a ignorar uma questão sensível e de risco para a qualidade que se impõe na saúde pública dos cidadãos, devido à perda do poder de compra e com sérias repercussões na população mais fragilizada.

Mesmo medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), vulgarmente definidos como de venda livre, posicionam-se numa tabela de custo elevado, sem comparticipação e assumidamente mais difícil a sua prática nos postos de distribuição, outrora exclusivo das farmácias, substituídas pelas grandes superfícies e outras entidades comerciais autorizadas.

Voltando à homeopatia, apesar da dúvida técnico-científica da sua eficácia, vai ganhando terreno na conquista de apologistas à conduta das práticas de medicina tradicional ou de medicina complementar alternativa e a inocuidade dos produtos que são comercializados sem qualquer receita médica prima em contrariar todo um índice de compostos químicos de contra-indicações na generalidade dos medicamentos produzidos pela indústria farmacêutica e a preços fora do contexto das possibilidades económicas dos cidadãos.

O tratamento de doenças quer pela via da medicina médica ou alternativa vai revelando ausência de acompanhamento das populações mais pobres que não são detentoras de meios económicos para sustentarem o valor elevado dos medicamentos, apesar do forte incremento das diferenças dos remédios de marca e dos genéricos como via de alívio do preço contendo a mesma substância ativa recomendada pelo médico de Saúde Familiar.

sobre o rigor do consumo medicamentoso devido à situação de pobreza dos cidadãos ao não possuírem meios económicos para tratarem dos seus problemas de saúde, acrescido da política do Governo de se alhear de comparticipar parte do custo da receita médica.

Não será pois de estranhar que a automedicação esteja descontrolada pelo uso abusivo de psicotrópicos, indutores de sono, tranquilizantes, anabolizantes, antibióticos, entre muitos outros, através da venda online ou comércio similar, deixando um vazio preocupante nos espaços autorizados, pelos preços cativantes e impraticáveis nas farmácias cada vez mais difíceis aos bolsos dos portugueses.


Autor: Albino Gonçalves
DM

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16 abril 2018