(Parafraseando o excelente jornalista Nicolau Santos, mas só em epígrafe)
1 – A Pandemia está aí. Também não vou falar dela. Sinto-a na mente e na alma, não ainda no corpo, graças a Deus. Os Portugueses, as pessoas de todo o Mundo contaminado têm mostrado sobejamente aquilo de que o ser humano é capaz, quando quer verdadeiramente: generosidade e enorme amor ao outro, nosso irmão, força de vontade, coragem, resignação, criatividade, capacidades sobre-humanas na realização de actos verdadeiramente heróicos; têm demonstrado, sobejamente, a grandeza de que o ser humano é capaz...quando desafiado a querer.
2 – Não há quem não esteja preocupado com este vírus mortal que nos invadiu, Deus saberá como e porquê. Paralelamente, muita preocupação com o depois do vírus, que ninguém conhece o quando será. Muita preocupação com os estragos, com a esteira de prejuízos, especialmente económicos, que o vírus nos vai deixar. Não lhes nego razão. Tenho estado atenta à televisão, aos jornais e aos relatos dramáticos que nos vão fornecendo, todos os dias. Mas...Bem, é que na verdade, nos últimos tempos, tem-se assistido em Portugal a um bom nível de vida dos seus habitantes. Hotéis a abarrotar de nacionais e estrangeiros, estâncias balneares sem reservas à vista, restaurantes a fervilhar de povo, viagens marcadas e reservadas com antecedências nunca vistas, estrangeiros que nos procuravam ininterruptamente. Ganhou-se muito, no nosso País. E se muito se ganhou, muito se gastou: em viagens, atingindo incríveis e longínquos pontos do globo terrestre, em carros ultra potentes e ultra caros, em roupas dos mais conceituados e caros costureiros, em aparelhos ligados às novas tecnologias, dos mais sofisticados e por altos preços. Vivia-se bem. Fazer alarde e gozar, passou a ser o lema. Fazer como a formiguinha e amealhar no Verão para comer no Inverno? Não, ninguém fez. Não vejam nisto uma crítica, cada um sabe de si e faz, com o que é seu, o que muito bem quiser. Isto é apenas a demonstração de uma certa estupefacção da minha parte, ao ouvir os empresários, pouco depois do início da pandemia, bradarem que, em pouco tempo, tinham que despedir pessoal por não poderem pagar-lhe!
3 – O verdadeiro propósito deste meu mal alinhavado escrito, surge, agora, depois do desabafo deixado em 2. Passada a pandemia, e eu acredito firmemente que ela vai passar (como diz o povo, “não há mal que sempre dure…”), os Portugueses vão continuar corajosos, generosos, pensando no outro que é nosso irmão? Vão lembrar-se de todo este sofrimento, dos actos de heroísmo que foram capazes de realizar em prol do outro, que é nosso irmão? Vão? É que se forem, Portugal será, daqui em diante, um País ainda mais rico, mais humano e mais belo do que alguma vez se viu. Um País que será falado em todos os cantos do Universo.
Autor: Maria do Céu Nogueira
Eu conheço um País…

DM
24 abril 2020