Há alguns dias o filho mais novo telefonou comentando que tinha ido visitar a Feira de Leiria. Referi então que tinha saudades dos jantares de beneficência organizados por umas senhoras voluntárias que eram excelentes cozinheiras. Perguntei se ainda existia esse local. O meu filho respondeu: “Oh mãe, nesta altura estão a cozinhar no Céu!”. Dei comigo a rir. Na verdade, os anos passam…
Recordei também, por estarmos a 12 de maio, o dia em que se celebra a memória do beato Álvaro del Portillo, a cidade de Roma, mais precisamente o Vaticano. Tinha assistido na Basílica de São Pedro, em 6 de janeiro de 1991, à ordenação episcopal do Beato Álvaro del Portillo, pelo Papa São João Paulo II. Que cerimónia tão emocionante e inesquecível. Estava então acompanhada pelos meus filhos.
D. Álvaro del Portillo foi o sucessor de São Josemaria Escrivá. Desconhecia, então, que mais tarde teríamos dois santos, S. João Paulo II, S. Josemaria Escrivá e um beato, D. Álvaro del Portillo. “Ao regressar de uma viagem ao Santuário de Czestochowa em agosto de 1979 referiu-se à conversa dos seus filhos para recuperar as passagens aéreas como lembrança da viagem: pediu-as à funcionária do aeroporto, argumentando que aquelas passagens tinham um valor histórico. Então a senhora que o atendeu pensou que havia assinado um acordo comercial ou algo semelhante. “Se é uma coisa histórica – comentou ela - deve ter sido um contrato muito importante”. E D. Álvaro acrescentou: “Penso que é verdade: Fizemos um contrato com a Santíssima Virgem. Fomos estar com ela e dizer-lhe: todo o Opus Dei é para ti, cada um de nós também, totus tuus!, para ti as nossas orações, as nossas mortificações, o nosso trabalho, para apresentarmos a Deus. Ela, em troca, põe-nos o seu manto, protege-nos, ilumina-nos e leva-nos para a frente”.
A partir do ano 1982, quando foi nomeado prelado, passou a usar um anel pastoral. Desde 1983 usava um que S. João Paulo II lhe dera. Percebi que, muitas vezes, durante reuniões olhava para ele. Logo descobri porquê, quando ouvi contar o seguinte episódio da sua audiência com o Papa, em 7 de julho de 1984, antes de uma viagem que faria fora de Roma: “Eu disse ao Papa: Santo Padre, antes de ir, quero pedir-lhe um favor: que coloque este anel por um momento. Eu passei-lho, e o Papa colocou-o no seu dedo. Quando me devolveu, expliquei-lhe: este anel dá-me muita presença de Deus, porque é o símbolo da minha união com o Opus Dei. Significa que sou um escravo, um servo da Obra por amor à Igreja e ao Papa. E assim é, filhos: antes constantemente rezava por ele, e agora esse constantemente foi multiplicado por muito”. (“Os meus anos de trabalho junto ao Beato Álvaro” de Iñaki Celaya).
O Papa Francisco referiu num telegrama enviado ao Prelado do Opus Dei, em 12-III-2014. “Foi um sacerdote cheio de zelo, que soube conjugar uma vida espiritual intensa fundada sobre a adesão à rocha, que é Cristo, com um generoso empenho apostólico que o converteu em peregrino pelos cinco continentes, seguindo os passos de S. Josemaria, merecedor de uma frase bíblica do livro dos Provérbios: “Vir fidelis multum laudabitur”.
Termino este artigo com o ponto 813 de S. Josemaria in “Caminho”: “Fazei tudo por Amor. – Assim não há coisas pequenas: tudo é grande – A perseverança nas coisas pequenas por Amor, é heroísmo”.
Autor: Maria Helena Paes