A preocupação com o ensino na Universidade tem ganho uma nova expressão nas academias internacionalmente, particularmente desde os anos 80 do século XX. Para os docentes do ensino superior, é cada vez mais claro que não podem ficar satisfeitos apenas com a transmissão de conhecimentos.
Devem também preocupar-se em assegurar que os alunos aprendam esses conhecimentos e ainda que desenvolvam as suas capacidades de fazer coisas (as “competências”) e posturas e condutas responsáveis, profissional e socialmente. Da vontade de melhorar surge a necessidade de identificar “a melhor” metodologia. Porém, essa informação ainda não existe. Provavelmente não existirá, o que merece reflexão.
Hoje em dia há um vasto número de metodologias de ensino public(it)adas e estas continuam a proliferar. Identificam-se muitas vezes a partir de trabalhos em língua inglesa, pelo que muitas têm siglas que terminam em BL, de “based learning” (como por exemplo PBL de “Problem” ou “Project” Based Learning). Uma pesquisa de “based learning” no Google devolve mais de 19 milhões de páginas. Esta vasta dimensão de opções dificulta a escolha duma metodologia.
Talvez não exista “a melhor” metodologia, “pronta-a-usar” na academia. Talvez o que faz sentido seja mesmo articular várias metodologias interativas nas unidades curriculares da Universidade. Tal mensagem é concordante com uma meta-análise recente de 225 estudos originais que confirmou que o que importa, mais do que a escolha da metodologia, é a presença de interatividade nas aulas.
O que importa parece ser deixar para trás o modelo de universidade em que as aulas serviam exclusivamente para transmitir conhecimento, acolhendo uma nova visão em que as aulas também sejam espaços para conhecer e discutir as questões dos alunos, com turmas de qualquer tamanho.
As novas metodologias são importantes, mas também o são as circunstâncias de implementação, de funcionamento e os recursos disponíveis. Exemplos como o do curso de Medicina da UMinho, que desenhou as suas estratégias de ensino combinando diversas metodologias e conseguindo formar médicos de competências académicas e clínicas reconhecidas, são a melhor ilustração deste princípio. “Que metodologia devo usar?” Provavelmente várias, conhecendo o meu contexto e o que posso retirar de cada uma.
Autor: Manuel João Costa